A decisão da Primeira Turma do STF de tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro réu por tentativa de golpe de Estado, proferida ontem, não é nenhuma surpresa. O resultado já era esperado por apoiadores bolsonaristas e opositores, que também já sabem que é improvável que o ex-presidente e seus aliados escapem das denúncias de compor a cúpula da tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Para os opositores, trata-se da justiça sendo feita diante das provas robustas apontadas pela Polícia Federal e pela PGR, da minuta do golpe à delação de Mauro Cid. Para a base bolsonarista, é uma clara perseguição política e “um teatro processual disfarçado de Justiça”, como disse o próprio Bolsonaro.
Enquanto setores da esquerda e do centro opositor comemoram o início do processo como se Bolsonaro já estivesse preso, a direita se movimenta com pragmatismo. A máxima de que não há cadeira vazia na política vai acelerar a discussão sobre quem será o herdeiro do espólio bolsonarista. No páreo, os principais concorrentes são os governadores de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado, e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).
Até 2026, tudo pode acontecer, mas uma candidatura de Bolsonaro se torna cada vez mais distante. A última aposta será a tentativa de causar comoção internacional, a partir dos movimentos do deputado federal licenciado, Eduardo Bolsonaro, que foi para os Estados Unidos alegando perseguição judicial – ele não é oficialmente investigado nem foi denunciado ou indiciado em nenhum processo judicial até o momento.