O contribuinte pelotense pode destinar uma manhã de suas vidas para sentir um pouco de vergonha, tédio e indignação. Parece ser um convite sem cabimento, mas é importante fazê-lo. Como? Vá até a rua 15 de Novembro, 207, ou assista ao canal Legislativo e acompanhe uma sessão da Câmara de Vereadores de Pelotas. Com salários reajustados, um pouco acima de 18 mil por mês, e uma nova Legislatura, houve a esperança de que o nível subisse um pouco, mas não é o que a prática tem demonstrado.
Entre birras internas e externas, discussões aleatórias e debate cada vez mais ideológicos e pouco práticos, é até raro vê-los fazendo o cerne de suas atribuições, que é discutir leis, fiscalizar o Executivo e pensar em maneiras de fazer Pelotas desenvolver-se. Como trouxe a coluna de Douglas Dutra na quarta-feira (26), soa às vezes como uma torre de Babel, onde ninguém ouve o outro e aguardam seus preciosos minutos na tribuna para falar às suas bolhas, de olho em cortes para redes sociais e em discursos voltados apenas às suas bolhas.
É compreensível que políticos sejam políticos, que olhem para seus redutos eleitorais e tentem sempre sair com boa imagem. O problema é que, até aqui, pouquíssimo foi feito para, de fato, evoluir o nível de nossa cidade. A lei da Habitação segue travada, a lei da Inovação é prometida para “em breve” há mais de um ano e meio e quase nada de real impacto na vida do pelotense. Fora a reforma administrativa, que outra grande pauta o leitor consegue lembrar que foi adiante no Legislativo nesse primeiro trimestre?
Embora haja o relato positivo que seja o repasse do duodécimo para aberturas de leitos hospitalares, isso também deixa um gosto de não ser nada além da obrigação. Ainda assim, é positivo ver que ao menos alguns dos temas relevantes estão recebendo atenção. De qualquer forma, é preciso elevar a régua. Os vereadores precisam debater menos o sexo dos anjos e mais soluções práticas, efetivas e que estejam em seu escopo para Pelotas sair do buraco financeiro que se encontra, melhorar estruturalmente e tornar-se atraente para empresas a fim de gerar emprego, renda, impostos e revertê-los em qualidade de vida.