A convite da Secretaria de Cultura (Secult), representantes das artes cênicas de Pelotas vão integrar uma programação que celebra o Dia Mundial do Teatro e Dia Nacional do Circo, marcados em 27 de março, amanhã. As atividades voluntárias começam hoje com a apresentação da peça teatral Noite feliz, interpretada pelo Grupo Teatro de Arte de Pelotas. A ação ocorre às 19h30min no palco do auditório do IFSul Campus Pelotas, na praça 20 de Setembro, 455, com entrada franca.
Nesta quinta-feira (27), na data comemorativa, haverá um manifesto, com concentração na Esplanada do Theatro Sete de Abril, na praça Coronel Pedro Osório, em frente ao teatro, às 17h30min. As ações prosseguem até sábado com colóquio e aulão de teatro. Cerca de 20 companhias de teatro, dança e circo do município participam das atividades. Todas as ações são gratuitas.
Criado no meio universitário
Com direção da professora Yaska Antunes, do curso de Teatro da Universidade Federal de Pelotas, Noite feliz tem texto da escritora pelotense Vera Karam. A peça é uma estreia do Teatro de Arte de Pelotas, grupo formado a partir da ação de pesquisa do projeto Atuar, criado pela educadora.
Para a comunidade de Pelotas em geral, Noite feliz é uma estreia, mas o espetáculo, que nasceu na UFPel, foi apresentado na Mostra Encenações, que recebeu peças e cenas curtas oriundas de disciplinas e projetos de pesquisa da universidade, na semana passada. “E fizemos outra apresentação na Mostra de Teatro para Escola que aconteceu também no Bloco 1 (do Centro de Artes da Universidade), de 18 a 21 deste mês”, comenta a professora.
Da teoria à prática
Yaska desenvolve o projeto de pesquisa O sistema stanislavski: Bússola para o ator e diretor na cena contemporânea, que resultou no Atuar. “O projeto Atuar é o braço concreto da minha investigação como docente, onde a gente faz os experimentos da cena, dos conceitos, aproxima as questões dos conceitos”, explica. Esse projeto acontece dentro do Esfera Teatro Laboratório, vinculado ao CNPQ.
Dessas três ações (pesquisa, projeto e laboratório) surgiu o Teatro de Arte de Pelotas, que é a face da produção, o espaço que abriga o fruto dessas iniciativas. “Tudo isso gerou um resultado, que é uma obra teatral. Agora passa por uma outra etapa. Se a gente tiver pernas, é fazer esse produto circular, participar de festivais e integrar a programação do dia Mundial do Teatro”, comenta Yaska.
Além de dirigir, Yaska atua ao lado de Cauã Ferreira, Ísis Peres, Jahe Ramos, Jordan Picchear, Maria Cavada, Sofia Arnoni, Vinícius Machado e Vítor Ayres. Um grupo eclético, formado por acadêmicos de diferentes períodos do curso de Teatro e atores formados. São eles: Vitor Ayres e Ísis Peres, da Universidade Federal de Santa Maria.
Comédia de costumes
Yaska explica que a escolha do texto foi motivada pelo pouco tempo do elenco em ensaiar um espetáculo. “Precisávamos de uma peça curta pra conseguir montar num espaço de tempo exíguo e ainda alimentar o processo com os conceitos com o pensamento stanislavskiano”, fala a diretora.
Trabalhar com uma autora pelotense também pesou na escolha, especialmente por Yaska ser mineira e estar em Pelotas há apenas quatro anos. “É a maneira de eu conhecer a cultura da comunidade que eu cheguei”, fala. A atriz, professora, escritora e tradutora Vera Karam (1959-2003) foi autora de dezenas de peças e livros.
A docente comenta que os personagens da Vera são mais tipificados e que o texto de Noite feliz quase se enquadra como uma comédia de costumes. “Ela denuncia os vícios das pessoas.” Em cena, o que deveria ser um momento feliz se torna palco de disputas e de trocas agressivas que rompem a harmonia familiar até atingir um desfecho surpreendente.
