Vidas interrompidas

Editorial

Vidas interrompidas

Vidas interrompidas
A imprudência é uma das principais causas de acidentes. (Foto: Henrique Risse)

A professora aposentada e poetisa cubana, Aimée Bolaños, fazia sua caminhada na manhã de domingo, no Cassino, quando, aos 82 anos, teve a vida interrompida por um atropelamento. O causador foi um homem de 34 anos que passou pelo bafômetro e teve constatada a ingestão de álcool. Aimée tinha uma longa carreira, era referência cultural na comunidade rio-grandina, inclusive foi patrona da Feira do Livro da Furg, onde lecionou, e certamente tinha ainda muitos sonhos. Foi morta pela irresponsabilidade.

Em Pelotas, na manhã de sexta-feira, na esquina da 7 de setembro com Anchieta, onde fica a sede do A Hora do Sul, um motociclista foi jogado longe por um carro que bateu atrás dele. As câmeras de segurança mostram que na tentativa de ganhar uns três ou quatro segundos, talvez até menos, o condutor da moto cortou caminho por um espaço curto e foi atingido pelo veículo que vinha na preferencial. Foi socorrido pelo Samu, com várias lesões, mas vivo.

Os dois cenários descritos acima refletem um pouco da rotina de terror que tornou-se o trânsito. Uma pessoa irresponsável, dirigindo sob efeito de álcool, ceifa uma vida de alguém que vivia seu momento de paz numa manhã de domingo. Outra pessoa sofre as consequências de algo que se vê centenas, talvez milhares de vezes todos os dias, que é a imprudência por pressa. É rotineiro ver motociclistas – em grande parte entregadores – correndo contra o relógio e colocando a si mesmo e outros em risco. Sem contar os corriqueiros usos de celular, que distraem o olhar e a atenção.

O trânsito ceifa vidas, lesiona pessoas, interrompe histórias e sonhos e abre feridas em famílias diariamente. Tudo isso impulsionado pela pura e simples irresponsabilidade de quem dirige sem se importar com a própria segurança e, principalmente, com a do próximo. Trafegar é fazer parte de um acordo social em que todos olham por todos e prezam pela segurança. Romper isso é irresponsabilidade e as punições deveriam ser bem mais severas do que acontece atualmente. Enquanto algo não mudar, essa tragédia diária vai seguir empilhando corpos.

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