ICMBio registra 11 espécies invasoras na Estação Ecológica do Taim

Preservação

ICMBio registra 11 espécies invasoras na Estação Ecológica do Taim

Segundo o instituto, são oito tipos de animais e três de plantas na região

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ICMBio registra 11 espécies invasoras na Estação Ecológica do Taim
Reserva fica entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar e se destaca pela biodiversidade de fauna e flora. (Foto: Gabriel Sparrenberger)

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) publicou a lista de Espécies Exóticas Invasoras (EEI) em Unidades de Conservação. Na Estação Ecológica (Esec) do Taim, que fica entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, foram listadas oito espécies de animais e três de plantas. O ICMBio define que as EEI são aquelas introduzidas fora de sua área de distribuição natural, que se disseminam causando impactos negativos à biodiversidade.

O analista ambiental do ICMBio, Magnus Severo, explica que o instituto tem uma equipe própria para identificar e classificar as espécies invasoras de todo o país. Essas espécies prejudicam a biodiversidade local ao disputar alimentos e recursos com as espécies silvestres.

“A lebre nativa do Rio Grande do Sul é muito difícil de ver. Estamos encontrando a lebre europeia, que é maior, mais agressiva e territorialista”, exemplifica. Ele destaca que, embora os animais invasores sejam mais conhecidos, plantas invasoras também podem representar um problema grave.

Segundo o analista ambiental, essas espécies chegam até o Taim de diferentes formas. No caso dos peixes, por exemplo, uma das formas é a partir dos tanques de piscicultura, quando são esvaziados para limpeza. “Esses peixes vão escapando e conseguem ter um equilíbrio das populações fora do ambiente controlado, então, imagina como a gente controla um peixe livre num rio”, diz.

O problema dos javalis

A principal preocupação do instituto é com o javali. “Os javalis ainda não são um grande problema ao norte do Brasil, já no extremo sul é uma verdadeira infestação. O problema é a competição com os nossos animais silvestres”, afirma Severo.

Embora no Taim não haja tantos javalis quanto em outras áreas, já são necessárias ações de manejo para retirar os animais da estação ecológica. “A gente não tem registrado grandes populações, mas estamos iniciando o manejo porque essas populações têm uma curva de crescimento que, se chegar no ápice, dificilmente teremos controle sobre”, explica.

O especialista explica que o manejo humano é necessário porque os grandes felinos que seriam predadores dos javalis, como a onça-pintada e a onça-parda, desapareceram do Rio Grande do Sul. “Ainda tem puma, mas eles dificilmente vão atacar o javali porque as fêmeas quando estão com filhotes vivem em grupos para se proteger, então é praticamente impossível para o puma, que tem outras fontes de proteína animal”, diz.

Flora também preocupa

 

Embora na fauna o problema seja mais evidente, as espécies invasoras da flora também têm potencial de prejudicar a biodiversidade. “Muitas dessas plantas não servem de alimento para a fauna, e outras que servem de alimento vão perdendo espaço. São plantas agressivas, que também se adaptam melhor e não têm predador natural”, afirma o analista ambiental.

Outra espécie, que ainda não está listada pelo ICMBio, mas preocupa Severo, é o pinus, que é exótico e amplamente utilizado pela silvicultura no estado. “As sementes são muito leves e dispersadas pelo vento. O pinus é muito resistente e tem se espalhado pelo Rio Grande do Sul, sendo um grande problema”, diz.

Mudanças climáticas

Apesar do impacto das espécies invasoras, a grande ameaça ao Taim e a outras unidades de conservação são as mudanças climáticas, que causam desde períodos de seca extrema até períodos de grandes alagamentos na estação ecológica.

As mudanças do clima afetam especialmente a procriação, já que algumas espécies de animais dependem de uma temperatura ideal. É o caso dos quelônios, como as tartarugas e cágados. No ninho, os ovos que estão nas partes de cima nascem fêmeas e os que estão abaixo nascem machos.

“A diferenciação sexual é exclusivamente pela mudança de temperatura nas partes do ninho. Com o aquecimento global, se passar do limiar de temperatura, a tendência é nascerem todas fêmeas, então imagina o tamanho do desafio que temos”, detalha.

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