Médicos da Santa Casa de São Lourenço do Sul devem pedir a demissão coletiva
Edição 18 de fevereiro de 2025 Edição impressa

Segunda-Feira24 de Março de 2025

Saúde

Médicos da Santa Casa de São Lourenço do Sul devem pedir a demissão coletiva

Secretaria da Saúde do Estado projeta que pacientes devam ser encaminhados a hospitais de referência na região

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Médicos da Santa Casa de São Lourenço do Sul devem pedir a demissão coletiva
Segundo o Simers, 20 médicos estão sem receber salários desde outubro do ano passado

Sem um acordo entre os médicos, que não recebem salários desde outubro do ano passado, e a direção da Santa Casa de Misericórdia de São Lourenço do Sul, a demissão coletiva deve ser o caminho para os 20 profissionais que se encontram nessa situação.

O prazo dado pelos médicos para um entendimento se encerra nesta terça-feira. Para contornar o problema momentaneamente, a Secretaria da Saúde do Estado, através da 3ª Coordenadoria Regional da Saúde, apresentou um plano de contingenciamento, para o que é tratado como “indicativo de paralisação”. 

“Não é paralisação, é demissão coletiva”, adverte a diretora do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) da Região Sul, Renata Jaccottet. A médica ainda ressalta que cinco meses de atraso salarial é inconcebível. “Quem trabalharia com cinco meses de salários atrasados, esses médicos são uns heróis”, diz a médica.

O Plano de Contingência da Secretaria indica o Hospital São João da Reserva, no interior do município, como alternativa de referência para atendimento hospitalar e pronto atendimento de urgência. Para os casos de maternidade, cirurgia geral, otorrinolaringologia e ortopedia e traumatologia, a Secretaria prevê a transferência para hospitais de referência na região.

Por exemplo, no caso de Maternidade de Risco Habitual, as pacientes seriam encaminhadas para a Santa Casa de Caridade de Jaguarão, Hospital de Caridade de Canguçu e Hospital de Caridade Nossa Senhora da Conceição de Piratini. “Pela proximidade a primeira opção será o Hospital de Caridade de Canguçu, mediante contato prévio. O Hospital de Piratini mostrou interesse em aceitar todas as pacientes oriundas da maternidade da Santa Casa de São Lourenço do Sul”, segundo o comunicado da Secretaria de Saúde.

Ainda, de acordo com a Secretaria, devem seguir em atendimento, sem paralisação, a hemodiálise, os tratamentos em Saúde Mental e a Porta de Entrada. Para o prefeito, Zelmute Peres Marten (PT), diz que está acompanhando o tema com grande preocupação. “Estamos fazendo a nossa parte, organizando as ambulâncias para aqueles deslocamentos até 200 quilômetros a competência será do município e aquele deslocamento acima de 200 quilômetros será do Estado”, comenta o prefeito.

O prefeito se refere à situação como caótica. “Estamos diante do colápso. Nós estamos defendendo que seja feita auditoria nas contas da Santa Casa, que as entidades associadas à Santa Casa de Misericórdia, cuja prefeitura infelizmente não faz parte porque foi expulsa, se reúnam e tomem a iniciativa de ungir uma nova direção que seja representativa das demais entidades que compõem o conselho, que seja orientada pelo profissionalismo, pela transparência, pela boa técnica, que tome a iniciativa de colocar um gestor que tenha formação na área”, fala o prefeito.

De acordo com Marden, o governo do Estado ofereceu ajuda através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) , porém a direção da entidade não aceitou. Para o prefeito é muito importante que o PROADI seja implementado para que se qualifique o sistema de gestão, revendo contratos para diminuir despesas, além de fazer uma adequação para dar início a um plano de gestão. 

O prefeito quer que a direção da Santa Casa abra os números relativos à gestão. “Eles fazem apresentações de planilhas que são genéricas, não apresentam documentos e afirmam documentos que não cumprem”, diz Marten.

Proposta rejeitada

A Santa Casa propôs aos médicos o pagamento do mês de outubro em 25 de março e o restante dos valores (de novembro a fevereiro) dividido em dez parcelas até 25 de janeiro de 2026. O mês de março só seria pago em 5 de junho, o de abril em julho e o de maio em agosto. “Sempre o salário vai ficar em torno de três meses atrasados. 

A proposta do Simers é que os pagamentos atrasados (de outubro a fevereiro) sejam pagos em dez parcelas. As quatro primeiras seriam feitas em duas adições, dias 25 de abril e 25 de maio. Os salários, a partir do mês de março, seriam depositados nos dias 5 de cada mês, a partir de junho.

Na quarta-feira, às 19h, haverá uma audiência pública na Câmara de Vereadores de São Lourenço do Sul para tratar do problema. Na pauta o enfrentamento da crise e as medidas necessárias para evitar o desligamento dos médicos.

Sem retorno

A reportagem do jornal A Hora do Sul tentou entrar em contato com o presidente do hospital, para esclarecer a situação, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno.

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