“Foi muito impactante ver de perto a brutalidade que estas obras sofreram”

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“Foi muito impactante ver de perto a brutalidade que estas obras sofreram”

Andréa Lacerda Bachettini trabalhou no restauro de obras vandalizada nos atos de 8 de janeiro

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“Foi muito impactante ver de perto a brutalidade que estas obras sofreram”
André atua há mais de 30 anos e hoje está à frente do Lacorpi da UFPel. (Foto: Nauro Júnior)

A professora do Departamento de Museologia, Conservação e Restauro do Instituto de Ciências Humanas da UFPel e coordenadora do Laboratório Aberto de Conservação e Restauração de Pinturas (Lacorpi), Andréa Lacerda Bachettini, atua há mais de 30 anos na área de conservação e restauração. Ela esteve à frente da restauração das obras vandalizadas nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Como surgiu seu interesse pela área de Conservação e Restauro de Bens Culturais?

Meu interesse pela conservação e restauração de bens culturais surgiu ainda na graduação. Nessa fase, já me envolvia em projetos de pesquisa na área do patrimônio cultural. Meu primeiro estudo foi com o professor Gilberto Yunes, em 1993, no grupo de pesquisa sobre os azulejos e a arquitetura tradicional de Pelotas e da Zona Sul do Estado. A partir daí, nunca mais deixei de trabalhar com patrimônio cultural.

Quais são os momentos mais marcantes da sua trajetória acadêmica?

Um dos momentos mais marcantes foi minha participação no curso de verão do Centro Internacional de Estudos para a Conservação e Restauração de Bens Culturais (ICCROM), em Roma. Tive a oportunidade de ser aluna de grandes personalidades internacionais da área, como Salvador Muñoz Viñas.

O Lacorpi atualmente é referência nacional. Como você se sente ao ver que esse reconhecimento também carrega muito do seu trabalho?

O reconhecimento desse projeto é fruto de muito trabalho e dedicação ao curso de Conservação e Restauração do Instituto de Ciências Humanas da UFPel. O Lacorpi surgiu a partir da demanda da comunidade externa, que necessitava de um centro de referência na área de conservação e restauração na região Sul do Brasil.

Qual foi seu sentimento ao ver pela primeira vez as obras vandalizadas em 8 de janeiro de 2023?

Quando fui a Brasília junto com a professora Karen Velleda Caldas, então coordenadora do curso de Conservação e Restauração, para ver as obras de perto, fomos com o objetivo de elaborar o Termo de Execução Descentralizado e o acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para viabilizar a restauração das obras vandalizadas do Palácio do Planalto. Foi um momento muito impactante. Ver de perto a brutalidade que essas obras sofreram foi extremamente emocionante.

Qual a importância de preservar os bens culturais existentes em nosso território?

A preservação dos bens culturais é fundamental para manter viva a identidade e a história de um povo. Esses patrimônios representam nossa herança cultural, transmitindo tradições, valores e conhecimentos às futuras gerações. Além disso, contribuem para a educação, o turismo e o desenvolvimento econômico, fortalecendo o sentimento de pertencimento das comunidades. A degradação ou perda desses bens representa um empobrecimento cultural e histórico, dificultando o reconhecimento e a valorização da nossa própria história.

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