O caso da avenida Ildefonso Simões Lopes Neto, matéria de capa desta edição, é sintomático de uma cidade que cresceu de maneira desorganizada nos últimos anos. A infraestrutura viária não acompanhou a quantidade de empreendimentos que surgiram não só nesse bairro, mas também no Fragata, em outras partes das Três Vendas e do Areal e no próprio Laranjal. É preciso um olhar especial urgente, sob pena de nos tornarmos cada vez mais uma cidade travada.
A imagem aérea que mostra a diferença do entorno da Ildefonso de 2010 para 2024 é gritante para a necessidade de intervenções. Soluções precisam ser bem pensadas e a fala do secretário Otávio Peres, um dos nomes mais técnicos do atual governo, é de quem entende o que precisa. O município tem que ter também um projeto bem desenhado desse futuro, de uma maneira em que a cidade se adapte sem travar novos empreendimentos e toda a geração de emprego, renda e impostos que a construção civil traz. O Plano Diretor, já desatualizado, deve ser debatido e levar às discussões sobre um novo planejamento de mobilidade urbana.
Com mobilidade permeada pelas grandes avenidas, a cidade precisa desenvolver ideias que gerem alternativas. As duplicações são úteis em alguns pontos, mas é preciso evoluir para caminhos e meios alternativos. Melhorar o transporte público – cada vez mais caro e com menos opções –, expandir ciclofaixas e ter vias que desafoguem o trânsito são fundamentais. A Ildefonso é um clássico exemplo de como uma única saída para um bairro hoje já não funciona, mas qualquer alternativa seria cara. E aí vive-se um dilema.
Adaptar as cidades para haver fluidez, desenvolvimento econômico e social e equilíbrio ambiental é o desafio de todos os governos mundo afora. Pelotas tem a sorte de ter espaço, o que muitos municípios já não têm. Tem a dádiva de ter universidades que podem ajudar a trazer olhares amplos para o debate e soluções inovadoras. E tem empresários que vêm buscando entrar no debate sobre qualidade de vida e evolução da cidade. É uma receita pronta para pensar em propostas que tragam boas respostas.