Aconteceu o pior cenário possível para o futebol pelotense no ano em que finalmente voltamos a ter um Bra-Pel pela primeira divisão do campeonato gaúcho. Os dois foram rebaixados e, o pior, de maneira justa. Em momento algum Brasil ou Pelotas fizeram por merecer seguir na primeira divisão. Pode-se até argumentar que detalhes foram decisivos, mas em nenhum momento os clubes foram prejudicados, ou jogaram mais que os adversários a ponto de merecerem ficar. Os dois melhores jogadores da dupla foram os goleiros e isso é sintomático. Agora é hora do torcedor lamber as feridas, mas também de refletir: o que será do futebol pelotense daqui por diante?
É fundamental entender o que nos trouxe até aqui. Muitos torcedores falam das finanças, comparando com o ótimo momento vivido pelos times de Caxias do Sul, para usar outra cidade de porte similar. Hoje tanto Pelotas quanto Brasil são clubes deficitários e não têm perspectiva real de saírem do pântano de balancetes vermelhos. A tendência é só piorar. Mesmo com torcidas apaixonadas, já não são tão atrativos para o mercado publicitário. E por isso, mais do que cobrar investimentos de empresários locais, é preciso repensar as marcas.
Hoje Brasil, Pelotas e Farroupilha têm direções amadoras. Sem ofensas a quem ocupa os cargos, é algo definido pelos próprios estatutos. O fato é que o modelo associativo, que leva torcedores a cargos de gestão, já não cabe mais no contexto atual de gestão. Por mais que haja paixão, vista na dor exposta nas entrevistas pós-quedas, falta visão profissional de futebol. É preciso deixar o ego de lado, aceitar a realidade e debater abertamente a possibilidade de implementar a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) nos dois. Caso o contrário, não há perspectiva de sair desse ciclo vicioso: decisões por impulso, sem embasamento técnico e sem convicção dos motivos que levaram às vitórias ou derrotas.
