Sede o Instituto Hélio D’Angola passa por requalificação

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Sede o Instituto Hélio D’Angola passa por requalificação

Recursos da obra são oriundos do Fundo para Reconstituição de Bens Lesados, administrado pelo Ministério Público do RS

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Sede o Instituto Hélio D’Angola passa por requalificação
Madeiras da construção ficaram apodrecidas por causa da umidade (Jô Folha)

O Instituto Hélio D’Angola foi uma das instituições pelotenses contempladas com o edital Fundo para Reconstituição de Bens Lesados, administrado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul. O recurso de R$242 mil está sendo utilizado para restaurar o espaço que foi inundado durante a enchente de maio de 2024. 

Localizada no início da rua Alberto Rosa, nas Doquinhas, e cercado pelas águas do canal São Gonçalo, a sede do Instituto, bem na frente do Quadrado, é toda em madeira. Durante a enchente o espaço passou imerso, praticamente 90 dias com água acima de um metro. O resultado foi a deterioração do madeiramento e risco na estrutura. 

Se não fosse esse recurso, não haveria como fazer a obra. “Nós não teríamos dinheiro. Teríamos que ir atrás de outro edital”, comenta a secretária executiva do Instituto, Isadora Terra. 

Mas mesmo de portas fechadas, as ações do Instituto são mantidas com a ajuda de muitas mãos. O reforço escolar, por exemplo, prossegue no espaço cedido pela casa de religião de matriz africana, que fica do outro lado do Quadrado. 

São atendidas 20 crianças, que ainda recebem um lanche. O projeto é aberto a todos os estudantes, independente da idade. Inclusive, teve alunos do EJA. As aulas de dança estão sendo ministradas em sala cedida pela Universidade Federal de Pelotas. 

“E as doações também não pararam”, comenta a professora de dança Aida Alves Oliveira, presidente da entidade. E não podem parar mesmo, porque a entidade atende 250 famílias ribeirinhas em vulnerabilidade social, que também foram impactadas pela enchente.

Reforma completa

Para receber os projetos comunitários de volta e abrigar novas ações, projetadas para o segundo semestre, o antigo galpão construído pelo comerciante, líder comunitário e ativista social Jorge Luís Chagas Oliveira, o Hélio D’Angola precisa estar seguro e acolhedor novamente. “Vamos trocar alguns pilares, porque a água desestruturou a casa. Ele (o galpão) se mexeu muito”, conta Isadora.

O projeto prevê a troca de todo o revestimento, que será tratado antes da recolocação. O piso de cimento será substituído por um de concreto polido. Mantendo as características da arquitetura tradicional africana, que inspiram o espaço, além das paredes em madeira, o telhado de palha santa fé, que também ficou prejudicado, será totalmente substituído. “Se tirou toda a palha, alguns desses caibros vão ser trocados”, comenta Isadora. Do lado de fora do galpão, o banheiro acessível será totalmente revitalizado. Os dois sanitários internos também passarão por restauro.

Ponto de cultura

Aida Oliveira (E) e Isadora Terra estão à frente dos projetos da entidade (Jô Folha)

Criado em 2015, logo após a morte do Hélio D’Angola, o Instituto ainda conta com o apoio de empresas e coletivos para manter suas ações. Este ano a entidade foi contemplada com o edital Cultura Vida, da Secretaria de Estado da Cultura, com recursos do Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura. Com este programa, atuará como Ponto de Cultura e poderá oferecer oficinas voltadas para fazedores de cultura. 

A proposta é voltada para artistas da região das Doquinhas que vão aprender, por exemplo, como se inscrever em um edital, fazer um portfólio, fotografar o seu trabalho. Serão oito oficinas com 20 vagas cada  uma. 

Os encontros serão realizados com profissionais especializados de cada área.”Aqui na comunidade tem muitos artistas que não conseguem viver do seu trabalho. Porque muitas vezes não sabem gerenciar e vender o seu trabalho. Vamos ter também aulas de teatro com Flávio Dornelles (ator e diretor), voltado para adolescentes”, comenta Isadora Terra. Estas atividades estão programadas para o segundo semestre por causa da obra, que deve ser finalizada em junho.

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