Bruna Tavares Link tem 31 anos e é dona da Intuitiva Madeira. Sempre em busca de autonomia, a empreendedora passou por diferentes experiências, como vender produtos de bazar pela internet, alguns trabalhos como fotógrafa e ser motorista de aplicativo. Depois de uma reforma na própria casa, onde colocou a mão na massa para fazer móveis simples, veio a paixão pela área que, impulsionada pela pandemia, se tornou seu negócio de vida.
De onde surgiu o interesse por essa área?
Sempre adorei fazer trabalhos manuais e a buscar por soluções práticas. Quando compramos uma casa antiga para reformar, em 2015, me envolvi muito na obra e tive a oportunidade de colocar minha paixão em prática. Ajudei meu pai a instalar o forro, passei massa nas paredes, pintei, e também revesti a escada com madeira. Além disso, criei um painel em madeira para distribuir as tomadas de uma parede que não tinha, fazendo uma decoração diferente no ambiente e resolvendo o problema sem mexer demais na estrutura.
Depois de cinco anos de reforma em casa, com materiais sobrando e ainda com uma vontade enorme de fazer as minhas próprias coisas, acabei criando uma escrivaninha para mim. Mais tarde, decidi ir embora de Pelotas, então vendi meu carro, alguns móveis e, inclusive, a escrivaninha que eu mesma tinha feito. Essa mudança era para acontecer no início de 2020, mas aí estourou a pandemia, e tudo virou de cabeça para baixo. Não consegui me mudar e fiquei sem uma fonte de renda.
Como esse interesse virou negócio?
A Intuitiva Madeira nasceu em um momento de caos, durante a pandemia. Como não pude me mudar, decidi fazer outra escrivaninha, já que havia vendido a primeira que fiz. Quando ela ficou pronta, resolvi anunciar para tentar vender, e, para minha surpresa, vendi muito rápido. A partir daí, fiz outra, e outra, e outra, até atingir 30 mesas em um mês. Foi então que percebi que não era só um hobby, mas que poderia surgir um negócio sólido dessa minha paixão.
No começo, eu não sabia muito bem o que estava fazendo; apenas ia fazendo, de forma intuitiva, aprendendo e me tornando marceneira no meio do processo, por conta própria. Com o tempo, as pessoas começaram a conhecer meu trabalho, que inicialmente eram apenas bancadas de estudo, e com isso surgiram pedidos de outros móveis. Eu fui acolhendo essas ideias, aprendendo e criando novos projetos.
Quais os próximos passos?
Para o futuro da minha empresa, meu objetivo é estruturá-la de forma mais eficiente, formando uma equipe que consiga atender mais projetos sem comprometer a qualidade e a personalização, que são o coração do meu trabalho. Um grande sonho meu é criar uma marcenaria composta exclusivamente por mulheres, valorizando a mão de obra feminina e oferecendo um espaço seguro e confortável para que elas expressem seus talentos. Além disso, escuto frequentemente dos meus clientes que as mulheres são muito mais detalhistas – e os homens me perdoem, mas essa é uma grande verdade. Percebo que, embora isso esteja mudando, ainda há uma predominância de mulheres na hora de contratar serviços de marcenaria para mobiliar ou decorar suas casas. E nada melhor do que uma mulher para entender a outra. Acredito que esse ambiente pode ajudar a quebrar as caixinhas nas quais muitas vezes nos colocam, proporcionando a liberdade para que as mulheres explorem seu potencial no setor. Essa iniciativa fortalece o papel das mulheres na marcenaria e contribui para uma mudança positiva no mercado.