A direção do Instituto João Simões Lopes Neto dá início às atividades culturais de 2025, nesta semana, quando celebra os 160 anos do patrono, nascido em 9 de março de 1865. Dentro desta programação, na sexta-feira (11) está previsto o lançamento da obra em seis volumes, História da Literatura no Rio Grande do Sul, idealizada e organizada pelo professor doutor Augusto Fischer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O evento ocorrerá a partir das 19h30min, na sede da instituição, com entrada franca.
Além do lançamento, Fischer participará de uma mesa redonda com professores da Universidade Federal de Pelotas, Luís Rubira e Eduardo Arriada, que assinam artigo publicado no segundo volume da coletânea. A obra reúne mais de 70 textos, escritos por um conjunto de mais de 80 pesquisadores, ligados a universidades de todo o Estado e de outras localidades. Os livros poderão ser adquiridos em conjunto ou separadamente.
A obra nasceu de uma convicção de Fischer de que a geração dele deveria produzir uma síntese deste tema, da mesma forma que escritores de outras gerações tinham feito. A exemplo de História literária do Rio Grande do Sul, lançada em 1924, pelo jornalista jaguarense João Pinto da Silva, ou de História da literatura no Rio Grande do Sul, escrita por Guilhermino Cesar, em 1956. “A nossa geração tinha que dar o seu testemunho”, fala o professor sobre o que motivou o sonho de mais de uma década.
Para compor o trabalho ele convidou colegas de diferentes universidades do Rio Grande do Sul e de fora do Estado. “Desenhei um sumário, capítulos e assuntos e fui atrás de pessoas que pudessem escrever”, relembra.
Recorte temático
Os cinco primeiros volumes da obra trazem de forma cronológica a história da literatura gaúcha a partir do século 19 até o presente. No sexto livro, os autores estudam a produção literária a partir de outra perspectiva. O tomo traz a contribuição de três das grandes etnias formadoras do Estado (afrodescendentes, germânicos e italianos), a literatura de autoria feminina, a força do romance histórico, a tradição das traduções, o memorialismo, até a poética do samba e dos gêneros carnavalescos. “São cortes temáticos que atravessam o tempo”, explica Fischer.
Grandes autores como o próprio Simões Lopes Neto e outros nomes, a exemplo de Erico Verissimo, Dionélio Machado e Mario Quintana receberam capítulos só para eles. Como há anos Fischer pesquisa sobre Simões, é ele quem aborda, junto com uma orientanda, o legado do regionalista pelotense. “Se trata de um capítulo escrito quando tudo já era conhecido, porque muitas pessoas escreveram antes de conhecer, por exemplo, Artinha da Leitura, o Terra Gaúcha. A vantagem foi essa para eu conseguir oferecer um panorama da obra dele numa condição mais tranquilo, no sentido da pesquisa já feita”, comenta.
Volume sobre as cidades
No segundo volume Fischer abriu espaço para que os autores contassem a história da literatura em cada uma das cidades mais importantes do Estado. “Pelotas tem a maior de todas as histórias particulares”, antecipa.
Entre os convidados, o professor Luís Rubira ficou encarregado de fazer o capítulo sobre Pelotas. O artigo foi construído por Rubira alicerçado na pesquisa histórica de Arriada. O texto aborda mais de 100 autores do município, a partir de 1832. Estes primeiros registros foram encontrados em um jornal de Rio Grande, explica Rubira.
O artigo, destaca também a obra de João Simões Lopes Neto, como a mais importante produção literária do início do século 20. Rubira comenta que Simões se desenvolveu como escritor também por ter nascido em período fértil de autores importantes em Pelotas.
Além dos pelotenses, os professores lembram de autores como Jorge Salis Goulart, nascido em Bagé e radicado em Pelotas. Inicialmente o capítulo recebeu o nome de Para uma história da Literatura em Pelotas. “No livro do Fischer ficou como Centros de cultura letrada: Pelotas”, explica Rubira.
O professor Fischer elogia o artigo. “O capítulo do Rubira é excepcional, de altíssima qualidade. Fez um trabalho de primeiríssima qualidade”.
Agende-se
O quê: lançamento da coletânea História da Literatura no Rio Grande do Sul, organizado por Augusto Fischer
Quando: sexta-feira (11), às 19h30min
Onde: rua Dom Pedro II, 810
Entrada franca