Inscrições para licenciaturas da UFPel têm crescimento de 30%

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Inscrições para licenciaturas da UFPel têm crescimento de 30%

Ações de incentivo financeiro e de permanência são meios para ampliar a formação de professores

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Inscrições para licenciaturas da UFPel têm crescimento de 30%
Matrículas aumentaram após cinco anos de quedas com anúncio de bolsas para estudantes de licenciatura. (Foto: Jô Folha)

O interesse pelos cursos de licenciatura na UFPel cresceu mais de 30% no Sisu 2025. Em 2024, foram 1.751 inscritos e neste ano o número passou para 2.289. O aumento, após cinco anos de quedas consecutivas nas inscrições, ocorre após o anúncio do programa Pé de Meia, que oferece bolsas para estudantes de licenciatura. A iniciativa busca reduzir o desinteresse pela docência e a falta de professores em sala de aula.

Na mesma linha, a UFPel oferta uma série de auxílios e programas para incentivar a permanência dos estudantes na formação. Em 2024, foram 1.751 inscritos nas licenciaturas da UFPel, neste ano o número passou para 2.289. De acordo com a reitora da universidade, Ursula Silva, a criação de programas governamentais voltados à formação de professores é um passo importante, mas essas ações precisam ser acompanhadas de iniciativas institucionais. “Para garantir a permanência e o engajamento de estudantes das licenciaturas. Nesse sentido, temos trabalhado de forma sistemática para enfrentar esse desafio”.

O estudante que iniciar a formação de professor em 2025 poderá ser contemplado com bolsa mensal de R$ 1.050 do programa Pé de Meia. Desse valor, o aluno receberá até R$ 700 por mês. Os outros R$ 350 ficarão depositados em uma poupança para o saque após o ingresso profissional na rede pública de ensino. Além disso, o estudante da UFPel, pode solicitar auxílios para o transporte, moradia e alimentação, assim como outros recursos para a aquisição de notebook, por exemplo.

Para estudantes com filhos de até seis anos, a UFPel oferece um auxílio pré-escolar, com valor mensal destinado a auxiliar nas despesas de educação e cuidados. Além da assistência estudantil, a UFPel aposta em ações de ensino, pesquisa e extensão, para simular a prática profissional. Entre elas, se destaca o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid).

O Pibid proporciona aos alunos a atuação em escolas e salas de aula de educação básica. O programa oferece uma bolsa de R$ 700,00 mensais e possibilita um trabalho articulado entre as licenciaturas da UFPel e as escolas públicas de educação básica.

Desafios na sala de aula

Apesar da rede de assistência estudantil e do incentivo financeiro para a formação de professores, os desafios que causam o desinteresse pelas licenciaturas são encontrados nas salas de aula. Shaiane Nunes é formada pela UFPel e a vontade de cursar Letras-Português surgiu da admiração nutrida por duas professoras que passaram pela vida dela.

Com experiência em sala de aula há cerca de dois anos, ela leciona para os primeiros anos do Ensino Fundamental da Escola Ponche Verde em Piratini. Segundo a professora, a rede de apoio da escola é fundamental para o trabalho. Mesmo assim, a demanda, comum a maioria dos docentes do país, seria excessiva em comparação a remuneração recebida. “Tu percebe como essa desvalorização salarial é grande porque tu faz tantas coisas que acaba não compensando em remuneração. Tu faz e não tem vencimento nunca”, diz.

Demanda x desvalorização da carreira

Shaiane leciona sete disciplinas, com isso o planejamento diário de aulas para diferentes matérias e turmas é um dos motivos para o cansaço mental. Sem receber horas-aula, mesmo aos fins de semana, a professora tem que se dedicar aos roteiros de ensino.

“Tu fica num desgaste e no outro dia tem que planejar tudo de novo, e por mais que eu me organize, por mais que eu tente adiantar, tem vezes que não dá, a demanda é muito grande, de coisas para fazer”, relata.

A demanda não acaba após o planejamento e a realização da aula, Shaiane cita outros compromissos básicos como avaliações diagnósticas, reuniões pedagógicas, reforço de ensino para alunos com dificuldade e a necessidade de lidar com pais que muitas vezes não compreenderiam o papel do professor. “Tudo a gente tem que estar pensando ao mesmo tempo. Então essas demandas de trabalho que nós temos são muito intensas”.

Para a docente, a oferta de bolsas como o do Pé de Meia Licenciatura é uma oportunidade para aqueles alunos que não poderiam escolher o curso devido a carga horária e a necessidade de trabalhar durante a formação. No entanto, ainda é preciso medidas para a valorização do profissional quando ele chega na sala de aula. “A gente tem bastante auxílio dentro da universidade, mas os desafios após a formação não tem como remediar”.

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