Bailarinos da Escola de Ballet Dicléa de Souza celebram a volta ao antigo endereço

Cultura

Bailarinos da Escola de Ballet Dicléa de Souza celebram a volta ao antigo endereço

Instituição que ensina balé clássico há 65 anos em Pelotas, começa nova fase no imóvel readequado

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Bailarinos da Escola de Ballet Dicléa de Souza celebram a volta ao antigo endereço
Alunos de Dicléa e Daniela recebem o diploma da formação. (Foto: Ana Cláudia Dias)

A Escola de Ballet Dicléa Ferreira de Souza, que chega ao 65º aniversário este ano, está de volta ao antigo endereço na rua General Osório, 1.427. Para celebrar a nova fase e as readequações do espaço, a direção da entidade fez um evento para apresentar as novas instalações.

No período pós pandemia a Escola teve de sair da casa, a pedido da proprietária que queria vender o imóvel, e passou a ocupar um prédio na Almirante Barroso. Porém, o espaço era bem menor, o que impossibilitava os ensaios do grupo de alunos para os espetáculos.

Neste período as performances eram ensaiadas no Espaço de Danças Lais Hallal, cedido gratuitamente pela professora e proprietária Lais. “Se conseguimos fazer espetáculos esse tempo que estivemos na sede da Barroso, foi graças a esse apoio da Lais Hallal”, diz a diretora, professora e bailarina Daniela de Souza, filha de Dicléa.

Palco do Guarany

Daniela comenta que sempre desejou voltar para a antiga sede. “Eu passava por aqui e olhava pela fendinha do portão. A casa ficou três anos fechada e ficou muito degradada”, conta. Como não foi negociado neste período, a proprietária ofereceu o imóvel para a Escola novamente no ano passado.

“Reformamos toda a casa e agora temos o nosso espaço”, fala a diretora. Uma das qualidades do local é o salão com dimensões próximas ao palco do Theatro Guarany, onde tradicionalmente a Escola faz os espetáculos de final de ano.

“Aqui a gente pode ensaiar, fazer eventos, dar aulas usando diagonais e fazendo grandes saltos. Enfim, um espaço apropriado e bem acolhedor. Aqui tem todo um cheiro de arte no ar”, comenta a professora. Além da área de ensaios, o imóvel abriga outras salas de aulas menores, camarim, área de convivência e um salão para o grande acervo (cenários, figurinos, acessórios) da instituição.

Vizinha de porta

Outra grande motivação é pela proximidade com a casa de Dicléa. A fundadora da Escola, professora e ex-bailarina mora ao lado. Aos 90 anos e com a saúde mais debilitada, a mestra não conseguia ir até a sede da Almirante Barroso. “Estou muito feliz e emocionada”, diz a carioca.

Agora ela pode participar efetivamente das reuniões, dos ensaios, passar e dar uma olhada em uma aula. Coisa que era muito mais difícil antes. “Ela está realizada e eu também estou realizada com esse espaço e espero que o público venha conhecer e curta. Estamos de braços abertos para receber a comunidade, nesse espaço de arte, cultura e amor pela dança”, fala Daniela.

A inauguração motivou a retomada das formaturas. Na noite de sexta-feira, seis bailarinos receberam o diploma oficializando a formação. Alguns estão na Escola desde 2005 e já ministram aulas para os iniciantes. Todos integraram o Grupo Ballet de Pelotas, que reúne os bailarinos mais experientes da instituição.

A pediatra Zulce Campos da Motta, bailarina da primeira turma de Dicléa, foi abraçar a neta  Beatriz Campos da Motta Santos, formanda, filha de sua filha, a professora universitária Eleonora da Motta Santos, que também é formada pela mesma Escola e ainda dança.

Ou seja, três gerações de uma mesma família, formada em balé pela mesma escola. “E a minha sobrinha que dança, de 9 anos, é a Ana Moura Costa”, conta Eleonora. No evento ainda estava Silvia Lannes Campos da Costa, irmã de Zulce, que também foi bailarina formada por Dicléa.

Mudou a vida

O bailarino, agora oficialmente formado, Marcos Mackedanz, 27, entrou para a escola através do projeto Magia da Dança, firmado em parceria com a prefeitura a partir de 2006. Desde que entrou, o pelotense nunca mais parou de dançar. Na época, com apenas oito anos, foi levado pela curiosidade, sem ter a menor noção das exigências do balé, como a disciplina e a responsabilidade.

“Balé é bem difícil, mas eu nunca parei. O projeto mudou completamente o meu jeito de ser. Eu tenho muito a agradecer à prefeitura pela oportunidade, a dona Dicléa que me abriu as portas e a Dani, minha professora”, conta Mackdanz. O Magia da Dança é um projeto de inclusão social, realizado com o apoio da prefeitura, que proporciona o ensino do balé clássico para crianças de escolas municipais.

Técnico contábil, de onde vem o seu sustento, Mackdanz mantém a disciplina das aulas semanais, seu momento de desestresse, e os ensaios para os espetáculos da escola. Porém dar aulas de balé não é para ele, comenta.

Para os pequenos alunos da Escola, o bailarino confessa que no início, como não tinha noção do que o esperava no balé, chegou a pensar em desistir. “A Dani e a dona Dicléa me seguraram pela mão. Hoje o balé é a minha paixão”, diz Mackedanz.

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