Artista plástica, arteterapeuta, empresária e ativista cultural, Daniela Meine é proprietária do Ágape (@espacoagape), que ela criou em 31 de maio de 2010. O espaço se tornou referência em Pelotas para as artes, especialmente para uma nova geração de artistas, não só como local de exposições, mas também como de formação.
Quando surgiu o Ágape e o que te motivou a criar o espaço?
O Ágape surgiu da vontade e necessidade minha e do meu marido (Ben-Hur), de termos um local que contemplasse o meu trabalho e o dele. Em 2008, investimos em um terreno, praticamente na frente da nossa casa. Aos poucos fomos pensando em construir duas salas, uma que seria o showroom da Berpa, empresa do Ben-Hur, e outra que seria o ateliê para mim, onde eu trabalharia com grupos de Arteterapia. No dia 31 de maio de 2010, abrimos o Ágape, um espaço que surgiu de forma despretensiosa, inicialmente com um propósito, e que desde o dia da inauguração foi sendo transformado. Um mês depois da inauguração, devido a carência por locais expositivos que não fossem públicos, nasceu a galeria de arte JM Moraes, batizada com o nome do meu pai, engenheiro civil, que esteve à frente da obra, juntamente com a arquiteta Mirela Schenatto, e que foi um incentivador incansável. A palavra Ágape vem do Grego, ela é amor, amor perfeito, incondicional, amor que não espera nada em troca, ela é reunião, encontro, confraternização…
Como é estar à frente de um espaço de arte há 15 anos?
Estamos completando 15 anos em maio e durante este período o espaço foi se transformando. A galeria de arte foi sendo cada vez mais requisitada com projetos em parceria com a universidade e com artistas de outras cidades. Cursos, ateliês, seminários e eventos foram acontecendo de forma natural e constante. Sentimos a necessidade de ampliar, fizemos algumas obras, construindo mais três salas, o deck, e dando utilidade para espaços ociosos. Estar à frente deste espaço exigiu e exige muito de mim, uma pessoa que tem a arte na veia, a subjetividade, nunca planejei ser uma administradora ou empresária, segui muito a minha intuição. O Ágape precisou se organizar para que tudo funcionasse de forma mais profissional, surge então a possibilidade de me inserir num projeto do Sebrae, chamado Pelotas Turismo Cultural. Foi através deste grupo que eu comecei a receber várias consultorias: marketing, financeira, estratégia e outras, participei ativamente dos encontros, conheci pequenos empresários que vivem situações semelhantes às minhas. Estas consultorias serviram para me ajudar a identificar o potencial do espaço, das atividades e que mesmo que o trabalho envolvesse arte, cultura e comércio, poderia e deveria ser rentável também. Em 2020, quando estávamos num ótimo momento de crescimento, veio a pandemia, que desestruturou toda a nossa programação. Neste momento a artista/empresária se potencializou. Percebi o quanto o Ágape poderia estar presente na vida das pessoas, mesmo que de portas fechadas. Aprendemos a utilizar as redes sociais para transmitir programas de arte, com convidados online e a movimentar a galeria de arte com os leilões virtuais. Passando a pandemia, tivemos um recomeço lento. O Ágape teve que se reestruturar, dar uns passos para trás, para seguir. Atualmente temos cinco professores que ministram cursos e aulas sequenciais e três com cursos temporários, temos alunos dos quatro anos aos 70+. Colocamos em prática um desejo de termos um café dentro do espaço e atualmente temos uma parceria com o Café do Arte, conduzidos pelo casal Ester e Diulian.
Quais são os projetos para este ano?
O ano já começou com novos alunos e novas parcerias, com exposições agendadas e com as portas abertas para quem quiser nos propor algo que tenha a ver com a nossa forma de trabalhar. Vamos criar mais um espaço de cursos, pois estamos transformando a loja/showroom, em um novo ateliê ou sala de música.
Quais são os principais desafios?
Acredito que desafios teremos sempre, talvez o meu grande sonho seja conseguir que as pessoas frequentem mais a galeria de arte, sejam professores, com seus alunos, famílias, colecionadores, compradores, pois temos muitos artistas em Pelotas e região. Temos obras com preços acessíveis, mas nos falta público que conheça e invista em arte. Temos ideias e projetos novos que ainda estão em fase de estruturação, pois envolvem mais tempo e mais pessoas. O Ágape está sempre em movimento e acredito que se for da vontade de Deus, seguirá em frente por muitos anos.