Uma das alternativas para amenizar o calorão é se refrescar com um banho de água natural, mas nem sempre os locais escolhidos para isso são os mais seguros. Em Pelotas, é comum ver moradores buscando alívio no arroio Pelotas e no canal São Gonçalo, apesar do mergulho não ser recomendado nestes mananciais. A alta temperatura leva muitas pessoas a ignorarem os perigos dessas águas, como poluição, correntezas e buracos profundos, colocando a saúde e segurança em risco.
Um dos espaços usados impróprios para refresco é o Quadrado e a região próxima à ponte sobre o canal São Gonçalo. A moradora Itamara Gomes, 39, reside na Travessa Um, em frente ao cais, há poucos dias, e já flagrou as cenas que presenciou na infância, quando vivia no local. Segundo ela, muitos jovens costumam se banhar na margem oposta, em um ponto mais isolado e longe do campo de visão geral.
A prática é comum no Quadrado, diz Itamara e são feitas em sua maioria por adolescentes. Além de ser uma área profunda, o local também possui diversas redes e equipamentos de pesca submersos, que podem dificultar o resgate em casos de afogamento. Inclusive, a mulher recorda de algumas tragédias aquáticas na região. “Já morreu gente aqui por estar tomando banho”, ela atesta.
Perigo salta aos olhos
Outro ponto impróprio para banho, mas utilizado com frequência, fica na Estrada do Engenho, ao lado do Veleiros Saldanha da Gama. Para fugir do calor, jovens, adolescentes e até crianças costumam marcar presença no local e dentro d’água. O pequeno píer às margens do canal encontra outra utilidade: trampolim improvisado. Correndo com velocidade para ganhar impulso, os jovens pulam alto quando chegam à ponta da estrutura, disputando entre si pelo salto mais diferente.
O que parece divertido, na verdade, foi a origem de diversos acidentes. Andressa Silva, 31, reside em frente ao local, e foi testemunha de casos de afogamento. A maioria dos banhistas são crianças de outras regiões da cidade, muitas vezes levadas pelos próprios pais. Para ela, o perigo se agrava pelo fato de o local ser fundo e pela presença de ferragens de uma embarcação antiga que afundou, onde algumas pessoas acabam ficando presas.
Andressa tem um filho de 10 anos, mas ele não entra na água, apesar de pescar na região. Além do risco de afogamento, há também a qualidade da água, que não é limpa e pode causar problemas de saúde, como viroses e diarreia. O problema continua se repetindo a cada verão e, apesar da passagem da Brigada Militar pela área, as fiscalizações não conseguem impedir que os banhistas retornem ao local.
Perigos
De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar, em rios, arroios ou canais, há alta probabilidade de ter fortes correntezas que, conforme o leito do rio, tornam a água mais profunda. A água mais turva e a presença de galhos ou outros objetos submersos, contribuem para o risco, e também podem causar graves lesões.
As correntes nesses locais podem surpreender um banhista desprevenido, especialmente em áreas desprovidas de segurança. O desconhecimento do ambiente é um fator de risco significativo, agravado por elementos como a ingestão de bebida alcoólica, o excesso de confiança e até mesmo condições fisiológicas, que podem comprometer a capacidade de reação e aumentar as chances de um incidente grave.
Assim como em todas as regiões do Estado, já houve registros de afogamentos e incidentes neste ano na região Sul. Nestes casos, segundo os bombeiros, as pessoas não consideraram os riscos mencionados.
Outros problemas
A qualidade da água também é um fator de risco. Além de possível contaminação, também existe o risco de cortes ou traumas que podem ser ocasionados por objetos submersos como pedras, galhos ou resíduos sólidos descartados (vidro, latas de alumínio, etc.).