A crise enfrentada pelo PSDB nacional nos últimos anos se agravou nesta semana em meio às incertezas sobre o futuro tucano e uma possível fusão. A decisão da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, de deixar o PSDB pelo PSD é mais um sinal do momento difícil do partido, que foi um dos mais importantes do país entre a década de 1990 e o começo dos anos 2000.
Com o movimento de Raquel Lyra, o partido passa a governar apenas dois estados: o Rio Grande do Sul, com Eduardo Leite, e Mato Grosso do Sul, com Eduardo Riedel. No passado, o PSDB chegou a eleger governadores em oito das 27 unidades da federação.
Após a decisão da governadora pernambucana, Eduardo Leite afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha que “está priorizando os debates internos do partido sobre o caminho que o PSDB tomará”. Leite disse que irá definir seu futuro somente após tratar o tema “exaustivamente”. “Me identifico [com o partido] do ponto de vista ideológico e programático, mas que tem no cenário atual da política brasileira dificuldades”.
A desidratação do partido, que já elegeu 99 deputados no passado e caiu para 13 nas últimas eleições, ameaça os planos de Eduardo Leite na política nacional. Somada à derrota do partido em Pelotas, um dos últimos redutos tucanos, lideranças locais acompanham a movimentação da sigla à nível nacional.
Único deputado federal de Pelotas, Daniel Trzeciak afirma que irá aguardar a posição nacional do partido para tomar uma decisão. Segundo ele, o processo de fusão ou incorporação precisa ser rápido. “Quanto mais o tempo passa, o desgaste aumenta”, diz. “Acredito que o PSDB precisa definir o seu rumo, voltar a estar conectado com os anseios da sociedade”, explica.
“Lutando pela sobrevivência”
A ex-prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, é presidente estadual do PSDB. Em entrevista nesta semana, Paula disse que o partido foi vítima da polarização e que “a gente está lutando muito pela sobrevivência do PSDB”. Ela pondera que, no Rio Grande do Sul, o partido se mantém forte com a liderança de Eduardo Leite e elegeu mais prefeitos que o PL.
Paula afirmou que o Brasil precisa de uma candidatura à presidência que represente a capacidade de diálogo e que Eduardo Leite é o nome mais forte. “Mas não estamos atrás de um partido para garantir uma candidatura ao Eduardo, não estamos pensando na próxima eleição, estamos pensando no futuro do país”, disse.
Fusão não avançou
Diante do cenário frágil, os tucanos trabalham há meses com a possibilidade de fusão com outra sigla. A favorita para a união era justamente o PSD, mas as conversas não avançaram diante em razão de Gilberto Kassab, presidente do PSD, buscar uma incorporação, o que formalmente acabaria com o PSDB.
Em entrevista na última semana, o presidente nacional tucano, Marconi Perillo, descartou a incorporação e disse que o partido irá continuar “mantendo a nossa história, mantendo o nosso legado”. A possibilidade de fusão ainda não foi descartada, e o partido mantém conversas com Podemos, MDB, Republicanos e Solidariedade, segundo o site Poder360.
