Vinte e dois dias após o início da safra do camarão, o crustáceo já se faz presente na Lagoa dos Patos, nas redes dos pescadores e no prato dos consumidores com um custo mais acessível. O quilo limpo, que custava R$ 72 antes de fevereiro, agora pode ser encontrado a R$ 40 no Pontal da Barra e na Colônia Z-3.
Se for em Rio Grande, o preço diminui ainda mais. Mas quem não consegue ir até a fonte pode encontrar no Mercado Público Central, um pouco mais caro.
O tamanho do crustáceo ainda não agrada aos olhos, mas já alimenta as esperanças dos pescadores artesanais, que a cada ano enfrentam um tipo de problema com a safra.
Para somar prejuízos, a enchente de maio devastou os dois locais com maior concentração de trabalhadores da pesca em Pelotas, sendo que no Pontal da Barra os moradores ficaram ilhados por quase quatro meses. Um deles foi João Carlos Fonseca, 73. Mas por ora, ele só vê pela frente trabalho e gratidão.
“Para nós é uma bênção, porque depois de uma enchente dessas aí, a gente achava que não ia dar camarão. Agora salgou água. Tá dando camarão. Não no tamanho certo, mas já tá bom de comer”, confessa.
Na Peixaria Fonseca, a comercialização é direta com o consumidor. Isto porque as indústrias de pescados faliram, segundo o pescador, por causa da fiscalização.
“Está muito difícil vender para as empresas. Então o consumidor vem direto aqui. Quando não tem, a gente vende para terceiros, mas eles pagam pouco”, admite.
Movimento
A procura pelo crustáceo é grande, e para atender a demanda, toda a família Fonseca trabalha na peixaria descascando o camarão, depois faz a pesagem e por fim, os pacotes que vão para o congelador.
“Todo mundo gosta de camarão no dia. Como no ano passado não teve uma safra que fosse suficiente para estocar, todo mundo quer”, diz em um tom contente o trabalhador da Lagoa desde os cinco anos de idade.
O empresário Felipe Fernandes, 64, é um deles. Chegou cedinho na peixaria do Pontal da Barra e, além do camarão, queria linguado, mas este estava em falta. “Sou freguês do Fonseca há muitos anos. Que bom que tem camarão na lagoa, pois é o melhor no Sul do país”.
Como mora perto do pontal, no balneário, o consumidor busca frequentemente por gostar do crustáceo fresco. “Parece que fica até mais gostoso quando a gente mesmo vem buscar”, brinca.
Na calada da noite
Quem chegava de barco próximo ao trapiche, na manhã de sexta, era o revendedor de gás e água Paulo Abel Batista, 54. Durante o verão ele costuma sair para a lagoa e fazer uma renda extra com a captura do camarão.
“Deu uma melhorada boa. Não vai ser aquela grande safra, mas vai dar para o pessoal tirar a despesa da enchente”. O pescador explica que a captura ocorre na madrugada.
As redes são colocadas à tardinha na água e à noite uma luz de led ou como antigamente, o lampião, atrai o crustáceo. “Antes do amanhecer nós recolhemos as redes”, detalha. Para Abel, o tamanho do camarão da lagoa já está no tamanho bom para o consumo.
Preço do camarão Limpo Sujo
Barra/Z-3 R$ 40 R$ 15
Mercado R$ 52 a R$ 55 R$ 22
Docas do Mercado R$ 32 a R$ 35 R$ 12 a R$ 15
