Com atraso salarial desde o mês de outubro, os médicos da Santa Casa de Misericórdia de São Lourenço do Sul ameaçam pedir a demissão coletiva do grupo. “A saúde de São Lourenço Sul entraria em caos, caso isso aconteça”, avalia a diretora do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) da Região Sul, Renata Jaccottet.
De acordo com a diretora, desde outubro não são depositados valores nas contas dos médicos pelos serviços prestados. Atualmente 20 médicos de diferentes áreas estão nessa situação.
Representantes do Sindicato tiveram uma reunião na sexta-feira (21) com o prefeito, Zelmute Peres Marten (PT), juntamente com vereadores e presidente da Câmara, Secretário de Saúde do município e representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Conselho Municipal de Saúde. “Fomos muito bem recebidos pelo prefeito, que se sensibilizou muito com a situação dos médicos e da saúde do município”, diz a médica.
Renata Jaccottet comentou que foi levado à reunião o caso de um médico demitido recentemente, quando ainda estava em pós-operatório. “Ele prestava serviços à Santa Casa há 33 anos e foi demitido arbitrariamente. A Santa Casa está em uma situação muito grave. Do modo que está não tem como ficar”, comenta a diretora do Simers.
O presidente do hospital, Cristiano Altenburg, não compareceu à reunião. A entidade foi representada pelo diretor Clínico do hospital, Alcir Iuppen, o que na opinião de Renata gerou um conflito de interesses. “O doutor Alcir é delegado sindical do Simers e ele, que é anestesista, está nesta mesma situação”, comenta a médica.
Este mesmo grupo deve se reunir novamente esta semana para ir em busca de soluções para o problema. “As ações vão ocorrer nas próximas semanas, para definirmos isso”, fala a gestora sindical.
Nota pública da prefeitura
Em nota pública a prefeitura manifestou preocupação sobre a situação do hospital. “A Administração Municipal de São Lourenço do Sul, a Câmara Municipal de Vereadores, o Sindicato Médico, o Conselho Municipal de Saúde e a Ordem dos Advogados do Brasil vêm a público manifestar profunda preocupação com a possível descontinuidade do atendimento de saúde à nossa população pela Santa Casa de Misericórdia”, diz o comunicado.
Diferentemente do que disse a diretora do Simers, a manifestação da prefeitura eleva para seis meses o atraso no pagamento dos salários dos médicos e declara que houve “demissões inesperadas sem o cumprimento das obrigações trabalhistas”.
“As instituições signatárias reforçam a importância de uma gestão hospitalar profissional, transparente e comprometida com o interesse coletivo. O respeito aos profissionais da saúde, aos trabalhadores e à comunidade deve ser prioridade absoluta. Seguimos atentos e empenhados em buscar soluções para garantir um atendimento digno e de qualidade à população lourenciana”, finaliza a nota pública da prefeitura de São Lourenço do Sul.
Sem retorno
A reportagem do jornal A Hora do Sul tentou entrar em contato com o presidente do hospital, para esclarecer a situação, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno.