Nos próximos dias, o preço do ovo deve subir nos supermercados da região. A Central de Abastecimento (Ceasa) de Pelotas já registra aumento de 23,8% na caixa com 30 dúzias de ovos. Dentre os fatores que contribuem para o aumento estão a baixa produção de ovos devido ao calor excessivo, aumento do consumo motivado pelo preço de outras proteínas e a crise enfrentada pelo mercado americano, que potencializa as exportações brasileiras.
O presidente da Ceasa Pelotas, José Paulo Benemann, informa que na segunda-feira o preço da caixa com 30 dúzias de ovos estava custando R$ 210. Agora, o valor comercializado é de R$ 260. “Esse aumento não se deve à especulação de preço causada pela crise americana. Estamos com menor oferta mesmo. Existe previsão da caixa chegar a R$ 300 em março e abril, período de escassez”, avalia.
Consultor de agronegócio e produtor da Zona Sul, Fabrício Delgado, proprietário da empresa Lá de Fora, explica que o cenário local é suscetível a variações de preço, visto a região ser dependente de ovos de outras localidades, como a serra gaúcha e a região de Porto Alegre. “A competição com o preço de outras localidades do Estado é desleal com o produtor local, visto o custo do milho disponibilizado nessas regiões ser mais favorável”, comenta.
Soma de fatores
Para o coordenador do Programa Redes de Cooperação do Governo do Estado, engenheiro agrícola Telmo Lena, a suba no preço se deve ao aumento do consumo do mercado interno, somado ao crescimento da exportação de ovos. “A compra da Mantiqueira, a maior produtora de ovos da América do Sul, pela JBS é uma demonstração disso”, diz.
Potencial de crescimento da produção local
Apesar da maior parte dos ovos comercializados na Zona Sul vir da serra gaúcha, o mercado local tem grande potencial de crescimento. De acordo com Delgado, para incentivar uma maior produção é preciso realizar um trabalho de educação do consumidor para adquirir ovos da região Sul. “Isso com certeza alavancaria muito a produção e ao mesmo tempo explicaria a diferenciação sobre os aspectos qualitativos dos ovos”, diz.
Conforme o produtor, existem diferentes tipos de ovos: tem aves que recebem alimentação vegetal e aves que também são alimentadas com farinha de origem animal para baixar o custo de produção. Ovos produzidos por aves livres de gaiolas costumam ter preço diferenciado. “Nossa produção local se destaca pela qualidade. Temos capacidade tanto de entregar em casa como vender nos principais fornecedores, supermercadistas de pequeno, médio e grande porte”, explica.
Uma melhor divulgação dos diferenciais da produção local seria uma forma de incrementar a cadeia produtiva já existente, comenta o produtor. “Precisamos ter um crescimento maior para incentivar o ingresso de mais produtores, visto que ainda temos muitos aviários parados, e também estimular a produção de grãos que têm o papel de energia, como milho e sorgo”.
