O Tatá – Núcleo de Dança-Teatro, fundado em 2009, é um projeto de extensão ligado ao Curso de Dança da UFPel que desenvolve ações na interface entre criação artística e educação. Coordenado por Maria Falkembach, ele foca na criação de obras cênicas para apresentação em escolas e espaços públicos, e visa democratizar o acesso à arte e educação estética, fomentar a criação em dança contemporânea e formar público para essa arte. Em dez anos, o grupo criou três montagens (“Tatá Dança Simões”, “Terra de Muitos Chegares” e “Quando você me toca”) apresentadas em cerca de 40 espaços diferentes. O impacto pedagógico do projeto promove excelência artística e novas sensações nos espectadores.
Quais foram os principais desafios enfrentados durante o processo de formação do grupo?
Os principais desafios são o tempo e a renovação constante dos integrantes. Como o grupo é formado por estudantes dos cursos de dança e teatro da UFPel, muitos vêm de diferentes partes do país e, ao concluírem seus estudos, precisam partir. Isso torna a manutenção da continuidade um desafio, já que o conhecimento acumulado é incorporado ao corpo dos participantes. Com o tempo, aprendemos que, apesar das mudanças individuais, existe um corpo coletivo que preserva essa experiência. Outro aspecto crucial é a necessidade de tempo para a experimentação e a vivência coletiva. Como o grupo se propõe a ser um coletivo, não basta que os integrantes desenvolvam apenas experiências individuais; é fundamental construir e compartilhar elas em conjunto. No mundo atual, onde tudo acontece de maneira acelerada e imediatista, dedicar tempo à convivência e ao processo criativo tornou-se um desafio ainda maior.
Como o grupo escolhe os temas e histórias para suas montagens?
A escolha dos temas dos nossos trabalhos está diretamente ligada às nossas vivências e às questões que emergem no grupo. As temáticas surgem de reflexões coletivas e do que estamos experienciando no momento. Cada trabalho emerge de alguma vivência coletiva. Nosso atual espetáculo, Inservíveis, reflete essa dinâmica e, neste ano, queremos levá-lo para as escolas. Já estamos agendando apresentações e buscando instituições interessadas em nos receber. Temos disponibilidade às sextas-feiras de manhã, um dos nossos horários de encontro, e, além da apresentação, também propomos atividades com os alunos.
Como você vê o papel das políticas públicas de fomento à cultura?
Esses projetos que estamos conseguindo realizar são resultado direto de editais e políticas públicas de fomento à arte, o que reforça a importância desses mecanismos para a continuidade e expansão do nosso trabalho. A mostra de fim de ano, por exemplo, foi viabilizada por meio de um edital, assim como a circulação do espetáculo Axêro pelas comunidades quilombolas, que foi selecionada no edital estadual da Lei Aldir Blanc.