O diretor executivo da secretaria da Saúde de Pelotas, Rafael Martinelli, foi ouvido pela Câmara de Vereadores em reunião da Comissão de Direitos e Prerrogativas. Martinelli foi convidado a prestar esclarecimentos após comentários nas redes sociais em que criticou o vereador Cauê Fuhro Souto (PV) após a notícia publicada pelo A Hora do Sul revelando que Fuhro Souto indicou uma emenda impositiva de R$ 625 mil para uma associação em cujo CNPJ o próprio irmão aparece como presidente.
O convite ao diretor foi aprovado em 28 de janeiro, quando Cauê Fuhro Souto disse ter sido atacado por Martinelli em comentários na página do Jornal no Instagram. O diretor é advogado e em 2024 foi candidato a vereador pelo PT, quando fez 553 votos.
Martinelli afirmou que apenas comentou as notícias expressando sua opinião pessoal. “Meu comentário é somente uma divergência política, que no campo da democracia é aceitável, como cidadão é um direito meu. Não falei ali como diretor executivo da Saúde”, disse. O diretor também sustentou que considera a destinação da emenda imoral, mas que não vê ilegalidade.
O vereador acusou Martinelli de descumprir o código de ética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ao ingressar na gestão pública ainda sendo parte de mais de cem processos movidos contra o Executivo. Ele negou haver irregularidades e disse que não está mais atuando nestes processos.
Diretor desconhece atribuições do cargo
O vereador César Brisolara, o Cesinha (PSB), perguntou ao diretor executivo se ele sabe quais são as atribuições do seu cargo. Martinelli respondeu que assumiu o cargo para coordenar o setor jurídico e oferecer assessoria à secretaria.
Questionado sobre qual a atribuição prevista na legislação para seu cargo, o diretor disse não recordar. “O diretor executivo não sabe as atribuições que são da sua função quando assume. Como advogado, eu esperaria, sinceramente, que o senhor soubesse”, disse Cesinha.
Cesinha afirmou ainda que o cargo de diretor executivo também exige dedicação exclusiva. A reforma administrativa aprovada pela Câmara no mês passado, no entanto, só determina dedicação exclusiva para os secretários.
“Enganador e mentiroso”
Quando trouxe os comentários de Martinelli à tona, Cauê Fuhro Souto disse que foi ameaçado e chamado de ladrão e sem vergonha. No entanto, o diretor executivo garante que não fez comentários nesse teor. Nos comentários, que seguem no Instagram do A Hora do Sul, o diretor explicou como funcionaria uma destinação e disse que “a máscara desse senhor vai caindo aos poucos”, além de discutir o tema com outros leitores.
O vereador Ivan Duarte (PT) disse que não viu xingamentos e ameaças e criticou Cauê Fuhro Souto por ter dito que havia sido chamado de ladrão e sem vergonha. “É inadmissível que um assessor nas redes sociais chame um vereador de ladrão e sem vergonha, só que isso é mentira. Então além de enganador o vereador Cauê foi mentiroso”, disse. Ivan foi responsável pela denúncia contra Cauê encaminhada à Comissão de Ética da Câmara.
Martinelli disse que não chamou o vereador de ladrão. “Isso me preocupou porque realmente não fiz isso, e gostei de estar aqui para poder explicar. Mas lembro que quem vai prestar explicação será o vereador Cauê para o Ministério Público”, afirmou.
Cesinha fará relatório
O presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas, Paulo Coitinho (Cidadania), designou Cesinha como relator da oitiva de Martinelli. No documento, que deve ser apresentado nos próximos dias, o relator poderá sugerir encaminhamentos, como sugerir que o governo faça um pedido de desculpas à Câmara.