A notícia de que um homem vandalizou o aeroporto de Pelotas e agrediu um funcionário no domingo, após chegar atrasado e perder o voo, repercutiu negativamente ontem pela cidade. Naturalmente, todos ficaram indignados, o assunto ganhou repercussão estadual e nacional e ninguém tentou defender o indefensável. Mas, mais do que um ato absurdo, é um sintoma de uma sociedade adoecida.
Na semana passada, um leitor relatou ter presenciado, em um supermercado da cidade, cenas de um homem atacando a chutes e socos um caixa eletrônico que tinha apresentado problemas técnicos. Violência bruta, tosca e inexplicável. Por sorte, neste caso, nenhuma pessoa foi agredida. Mas, mais uma vez, um sintoma de pessoas a ponto de explodirem por um detalhe torpe.
No trânsito, nos supermercados, na fila do buffet ou numa calçada apertada, é comum vermos pessoas sendo grosseiras de maneira totalmente gratuita, soltando cobras e lagartos para cima de completos desconhecidos e achando-se na razão. Essa percepção de que se é alguém especial, em um convívio coletivo, já é um problema. Quando resulta em maus tratos ao próximo, cria-se um cenário onde prejudica uma das nossas bases de convívio em sociedade: a gentileza.
A atitude diante do próximo é o que nos define enquanto cidadãos. Ao maltratar alguém, com ou sem motivos, abrimos portas para uma onda de grosserias que vão sendo repassadas. Em uma sociedade um tanto quanto violenta, ainda há o risco de revides, como tantas vezes são vistos, e que resultam em tragédias. Hoje em dia, a melhor coisa diante de uma grosseria é matar no peito e levar o desaforo para casa. Não há nenhum demérito nisso.