A insistência do governo do Estado em manter a volta às aulas na semana que possivelmente será a mais quente do ano revela um misto de insensibilidade e desconexão com a realidade dos gestores da educação. Obrigar que as crianças se desloquem pelas cidades, a maioria no período do meio-dia, com um sol de 40°C beira a crueldade.
Se alguns alunos têm o privilégio de ir de carro para escolas com ar-condicionado, não são poucas as crianças que precisam ir a pé ou em ônibus que são fornos sobre rodas para escolas que, quando muito, têm ventilador e bebedouros.
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Secretária não respondeu pedido do Cpers na semana passada (foto: Gustavo Perez/Ascom Seduc)
A falta de bom senso diante da onda de calor que já estava prevista há vários dias se tornou ainda mais incompreensível após a presidente do Cpers, Rosane Zan, afirmar que enviou mensagem à secretária pedindo o adiamento das aulas na semana passada, mas não foi respondida, o que fez com o que o sindicato procurasse a justiça. E piora: Raquel Teixeira disse que não interpretou a mensagem como um “pedido oficial de negociação” e que só soube da judicialização no domingo.
A maneira como a situação se desenrolou nos últimos dias coloca sob risco o cargo da secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, que já não é bem aceita entre os professores, mas segue sendo bancada pelo governador Eduardo Leite. Além disso, a polêmica expõe o governo a uma crise desnecessária e que piora a cada posicionamento oficial ou entrevista. Péssima maneira de começar o ano letivo.