Apaixonada por percussão, a professora, mestra e idealizadora da BatuCantada, Vanessinha, é multiinstrumentista e pianista, formada em Música pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Natural de Cachoeira Paulista, São Paulo, aprende, partilha ideias e saberes com a cultura popular local. Representando a BatuCantada, Vanessinha se tornou a primeira diretora de bateria de uma escola de samba em Pelotas em 2024 e primeira mulher a julgar o quesito bateria em carnavais da região.
Como começou a tua relação com a percussão?
Eu vim ter uma relação com a percussão quando cheguei a Pelotas para fazer Faculdade de Música. Foi no meu primeiro ano como ritmista de caixa na Escola de Samba General Telles que aprendi muita coisa e aprendo até hoje, começou essa relação em que eu vi que a percussão é aquela parte da música que fazia meu coração bater mais forte. Dali em diante, comecei a me tornar percussionista, ritmista e ali comecei a aprender outros instrumentos de percussão.
O que significa a música para ti?
A música pra mim é tudo, ela está em tudo. Não existe vida sem música e a música está nos lugares em que podemos, dialogar, compreender a cultura, se expressar, se relacionar com outras pessoas, viver e conviver. A música tem uma coisa indescritível. Quando estamos juntos, tocando, ou fazendo música, estamos numa sinergia única. E isso pra mim é algo que não tem como descrever.
O que é o coletivo BatuCantada?
É um coletivo de mulheres, aberto a mulheres cis, mulheres trans, pessoas de gênero não-binário, pessoas de gênero fluido e todas as outras pessoas que experienciam um patriarcado musical no seu cotidiano, que é a forma como a mulher foi colocada no meio musical, instruida a a tocar instrumentos leves, ditos feminos. A BatuCantada vem para subverter esse pensamento, um incentivo para as mulheres ocuparem as baterias, as escolas de samba, os blocos carnavalescos, o cenário musical seja com qualquer instrumento musical. Além de formar musicalmente, também é um espaço de afeto, de troca e de amizade.
Qual a importância das mulheres terem conquistado esse espaço?
É mostrar que esse lugar também nos pertence. Só de termos conquistado esse espaço, estamos fazendo essa revolução na cidade de ver tantas mulheres de diversos bairros, de diversas localidades chegando para tocar na BatuCantada. É compreender que nós também temos que continuar com esse movimento para que outras mulheres venham, assim como também para honrar aquelas que vieram antes de nós e que sequer são lembradas ou nomeadas.
Como faz para integrar o coletivo?
Para participar basta chegar. Ensaiamos todos os sábados na Casa da Música, a partir das 16h, em que ocorrem oficinas de canto popular. Às 17h começam as oficinas de percussão de ritmos afro-brasileiros. Não é necessário ter conhecimento prévio de música para fazer parte do coletivo, tampouco precisa possuir algum instrumento musical. A Casa da Música fica localizada na Estação Ferroviária de Pelotas (Largo de Portugal, 37).
