Um dos articuladores da vinda do presidente Lula a Rio Grande, marcada para o dia 24 de fevereiro, o deputado federal Alexandre Lindenmeyer (PT) vê com otimismo os anúncios do governo para a região e destaca o potencial do Polo Naval e do Porto de Rio Grande.
Embora a visita do presidente Lula deva se resumir à assinatura do contrato para a construção de quatro navios Handy no Estaleiro Rio Grande, o deputado adianta que a região pode ter mais notícias positivas em breve. Segundo ele, Lula deve anunciar após a passagem pela região a licitação de oito navios gaseiros.
Potencial da região
Lindenmeyer ressalta a capacidade do Estaleiro Rio Grande na transformação de 80 mil toneladas de aço por ano, o que representa cerca de 10% de toda a capacidade do país. “O que temos ali é um ativo extraordinário, principalmente pelo fato de ter um dique, a capacidade de construir até quatro navios simultaneamente, um pórtico que dá uma mobilidade de carga, 17 metros de profundidade e duas grandes oficinas do lado. Um estaleiro desse porte é subaproveitado, então essa retomada vai permitir algo extraordinário”, explica.
Outro avanço do setor em Rio Grande é a criação de uma área de docagem na Estação Naval da Marinha, que permitirá a manutenção de embarcações de 500 a duas mil toneladas. “É algo que não temos na região, e não só para os barcos da Marinha. Hoje vai para Santa Catarina, para o Rio, para fazer manutenção, e isso tudo vai agregar renda para a região.”
Lindenmeyer avalia que a crise que se deu sobre o Polo Naval e o Porto de Rio Grande nos últimos anos não foi por falta de capacidade das estruturas. “O nosso maior problema é que a gente perdeu na narrativa. A ANP (Agência Nacional do Petróleo) fez um relatório de toda a produção de petróleo e ali pode se ver quantas plataformas foram construídas em São José do Norte e Rio Grande. É uma indústria que deu certo”, avalia.
“Lá atrás, parou em um momento em que o estaleiro estava funcionando a pleno, com a equipe azeitada, com aprendizagem e expertise, e mudou a política industrial, rompendo contratos e levando a construção para fora”.
Bacia de Pelotas
Outro grande potencial do Rio Grande do Sul é o a exploração de petróleo na Bacia de Pelotas. Para o deputado, as dificuldades no avanço da exploração na margem equatorial põem a região numa condição favorável para avanços. Segundo ele, a extração do combustível deve demorar de dez a 12 anos. “Coincide com a estimativa de curva descendente do petróleo do pré-sal, para que o Brasil não tenha que voltar a ser importador de petróleo”, explica.
Ligação RG – SJN
Sobre a construção de uma ponte ligando Rio Grande a São José do Norte, o deputado afirma que é necessário que o Congresso aprove a Lei Orçamentária Anual (LOA) para que o projeto executivo da ponte, na casa dos R$ 50 milhões, possa ser executado. Segundo ele, a estimativa é de que toda a obra custe em torno de R$ 3,5 bilhões.
“Eu trabalho com a ideia de que essa ligação a seco possa se tornar realidade porque pode haver interesse econômico do lado de lá. Não é por Rio Grande ou São José do Norte que vão investir uma monta dessa magnitude, vão investir se houver um olhar de que do lado de lá tem pelo menos oito quilômetros de calado natural para expansão portuária, que vai ter parques eólicos, e fora a diminuição de distâncias”, afirma.
Pedágios
A principal reclamação das lideranças políticas e econômicas da região é o valor dos pedágios do Polo Rodoviário Pelotas, cuja concessão à Ecosul se encerra em abril de 2026. “Esse pedágio que é o mais caro do Brasil foi um impulsionador do desenvolvimento de Santa Catarina, foi um presente, porque praticamente se paga o dobro para o container chegar no Porto de Rio Grande”, critica.
Sobre a possibilidade de novas praças de pedágio na BR-116 entre Camaquã e Porto Alegre, Lindenmeyer pondera que os novos contratos serão feitos de acordo com a nova política de concessões e que haverá audiências públicas na região para discutir o tema. “Já solicitei ao ministro para receber as lideranças para abrir o tipo de política de concessões que está sendo feita no Brasil”, disse. Segundo Lindenmeyer, o novo trecho deve ser licitado até o ano que vem, com previsão de vigências dos novos pedágios até maio de 2027.
Lote 4
O deputado aponta a conclusão da duplicação do lote 4 da BR-392 como uma prioridade a ser defendida pelo governo federal. Ele defende que a obra seja incluída no PAC do governo federal, e que não se espere para incluí-la na concessão da rodovia. “O lote 4 não está no PAC, porque o projeto não estava pronto, e a briga que estamos tendo é para que inclua no PAC. O projeto não estava pronto porque não era prioridade do governo passado”, diz.
Expectativas com a biorrefinaria
Com o Brasil recebendo a COP (conferência do clima) este ano, o deputado conta com a presença da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, para avançar com o projeto de transformar a Refinaria Riograndense na primeira biorrefinaria do país, a partir da gordura animal e da soja para produção de diesel e combustível de aviação.
Segundo Lindenmeyer, o conselho da refinaria deve se reunir nos próximos meses para decidir se avançará no projeto. “É um bilhão de dólares de investimento, quatro mil empregos diretos e três anos de obras. São quase R$ 100 milhões em projeto, e quem contrata 100 milhões é porque vai executar”, considera.
Frente Parlamentar da Indústria Naval
Uma das primeiras ações de Lindenmeyer ao assumir como deputado federal foi a criação da Frente Parlamentar da Indústria Naval, da qual é presidente. Ele destaca que o trabalho da frente parlamentar já deu resultados não apenas em Rio Grande, mas também no Pará, Santa Catarina e Bahia.