De tão corriqueiro, ninguém dá mais atenção aos movimentos do balconista, quando se pede um pão. Mas em 1925 não era assim e o empacotamento e a distribuição do singelo, mas importantíssimo alimento, transformou-se em uma guerra em pleno fevereiro.
O drama, que tomou conta das conversas na comunidade, começou após a Diretoria de Higiene (Secretaria de Saúde) baixar uma norma determinando que o pão deveria ser distribuído embalado. O objetivo era diminuir ou evitar as múltiplas formas de contaminação as quais o produto, sem a devida fiscalização sanitária, era submetido até chegar ao consumidor.
O problema ocorria especialmente na venda avulsa do pão, que era destruído de casa em casa em uma carroça. “O pão ao sair da padaria é tirado a granel em carroças, cuja limpeza deixa a muito a desejar”, reproduziu o jornal Diário Popular de 5 de fevereiro. A cidade seguia o movimento da capital federal Rio de Janeiro e de outros grandes centros como São Paulo.
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No início do século 20 os pães eram distribuídos em carroças (Acervo Roberto Bonini)
Mas não era só nesse momento que o pão poderia ser contaminado. Sem nenhum tipo de proteção, o produto passava pelas mãos de quem conduzia a carroça: “com sua mão contaminada pelas rédeas do animal, pelo chicote, pela sexta pouco asseada…, agarra o pão sem lavar as mãos”, alertou a Diretoria.
Nem o hábito dos clientes de apalpar o alimento antes de comprá-lo passou despercebido pelas autoridades. No percurso o alimento também ficava à mercê da poeira e dos insetos, como as moscas. Sem falar nos próprios armazéns, onde os empregados tocavam vários produtos: “…têm como medida única de limpeza , uma fricção sumária por uma imunda toalha”, registrou o jornal.
Os descontentes
Porém a medida causou desagrado entre os distribuidores e os padeiros. O levante foi comprado pelo Jornal da Manhã. Contra a medida o veículo argumentou que os padeiros aumentariam suas despesas com o acréscimo do pacote, em função do alto preço do papel e anunciavam o fim da entrega a domicílio e o desemprego dos “repartidores”.
Encabeçando o apoio à medida adotada pelo intendente, Augusto Simões Lopes, o Diário Popular, por exemplo, fez várias editoriais e publicou cartas em favor da novidade.
O desacordo entre proprietários de padarias e distribuidores e intendência foi resolvido em uma reunião conduzida por Simões Lopes e o diretor de Higiene, Pedro Martins, em 9 de fevereiro. Depois de muita conversa, foi firmado um acordo.
Entre as novas regras estavam:
- Para armazéns o pão seria entregue pelas padarias embrulhados em sacos de papel, uma um e dessa forma chegar ao consumidor.
- Nas padarias o alimento seria guardado em armários ou depósitos fechados
- Quando o pão fosse distribuído em grande quantidade a um mesmo lugar, deveria chegar em sacos de tecido fechados.
- Na entrega individual, o pão deveria sair de sacos de panos retirados com uma pinça e entregue ao consumidor envolto em papel.
- As carroças deveriam ser pintadas e forradas com panos brancos e limpos.
Fonte: Acervo Bibliotheca Pública Pelotense
Há 50 anos
Prefeito entrega a chave da cidade ao Rei Momo
O Rei Momo, Nei Jorge Pereira Alves, do bloco burlesco Acanhados, recebeu a chave da cidade do prefeito, Ary Alcântara, no dia 8 de fevereiro de 1975. O ato simbólico deu início ao Carnaval pelotense. No mesmo ato, o diretor da Semturpel, Maurício Antônio Rodrigues da Silveira, coroou a rainha do folia, do mesmo bloco.
O Acanhados foi o primeiro a ir para as ruas, após um hiato de 25 anos, retomando sua tradição de desfilar pela manhã. O evento contou com uma apresentação especial da bateria da Escola de Samba General Telles. O bloco foi reerguido pelos funcionários da loja Ibraco, sediado no América Basquete Club, da rua Conde de Porto Alegre esquina com Benjamin Constant.
Naquele ano o Carnaval ocorreu entre os dias 8 e 12 de fevereiro, na Andrade Neves. O sábado de desfile de 13 blocos burlescos: Vou deitar e Rolar, Maria Fumaça, Candinha da Cerquinha, King Kong, Tesoura da Tiradentes, As Virgens, Bafo da Onça, Aonde a Vaca Vai, Mariquitas do Samba, Formiga Cabeçuda, Tira do Dedo do Pudim, Os Fantásticos e Bruxa da Várzea.
Fonte: Acervo Bibliotheca Pública Pelotense
Há 112 anos
Primeiro confronto gera ansiedade entre torcedores
O primeiro confronto entre Grêmio Esportivo Brasil de Pelotas, com quase dois anos de existência, e Esporte Clube Pelotas, um pouco mais velho, chegando aos cinco anos, ocorreu em 1913, pelo campeonato Citadino. A partida foi em um domingo, 20 de abril, no campo do áureo-cerúleo.
Mesmo sendo uma novidade, o jogo provocou tensão entre os torcedores e dava mostras de que poderia se tornar um clássico. “É com geral ansiedade que se espera o resultado do encontro, fervilhando os mais desencontrados palpites… E tem que ser assim, pois até o presente, estas aguerridas associações nunca se encontraram numa pugna esportiva”, destacou o jornal A Opinião Pública, um dia antes.
Na época não se falava em Bra-Pel, abreviatura que surgiu em 1930, criada pelo jornalista Armando Leite Goulart, do Diário Popular. O resultado do “match” como se dizia foi 8×2 para o Pelotas.
Fonte: livro Bra Pel – A rivalidade no Sul do Rio Grande do Sul (Editora Livraria Mundial, 2010), do jornalista J. Éder