“O significado do Bra-Pel na cultura de Pelotas é imenso”

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“O significado do Bra-Pel na cultura de Pelotas é imenso”

Mário Gayer do Amaral é professor, pesquisador e autor do livro A História dos Bra-Péis

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“O significado do Bra-Pel na cultura de Pelotas é imenso”
Livro foi lançado em 2008. (Foto: Jô Folha)

Mário Gayer do Amaral não nasceu em Pelotas, mas logo aos oito anos se mudou para a cidade e já vivenciou seu primeiro Bra-Pel. Quis o destino que, 24 anos depois, o professor e pesquisador lançasse um inédito livro sobre o clássico. Em 2008, ao lado de Sergio Augusto Gastal Osório, Amaral publicou A História dos Bra-Péis.

O que lhe levou a começar a pesquisar a história do clássico?

Desde criança sempre gostei do futebol a ponto de colecionar jornais e revistas especializadas e, através dos resultados das partidas, conhecer as histórias por trás destes números. Tive a primeira experiência em Bra-Pel em 1984, quando fui pela primeira vez ao estádio Bento Freitas junto com meu pai e meu tio meses depois da mudança a Pelotas. Aquele jogo me marcou muito por ter oito anos na época. Depois, o tempo passou e o gosto por futebol, aliado à leitura e às pesquisas que fazia sobre os clubes em geral, me fez entender que o futebol era parte importante na história de cada cidade. Movido por essa convicção, fiz em 2003 meu trabalho de conclusão do curso de História da UFPel a respeito da história do futebol em Pelotas de 1901 a 1941. Ali percebi o quanto a história do futebol em Pelotas era pouco estudada, ainda mais com dois clubes de histórias muito ricas e de identidade própria como Brasil e Pelotas. E assim resolvi pesquisar a fundo a história de uma rivalidade tão apaixonante a ponto de virar um livro sobre o clássico que não existia até 2008. Quando recebi o convite do Sérgio Osório para fazermos este livro juntos, percebi que era a oportunidade perfeita para divulgar e imortalizar esta mesma rivalidade.

Durante a pesquisa para a publicação, quais foram os fatos históricos que mais lhe chamaram atenção?

Foram tantos fatos que chamaram minha atenção durante a pesquisa para o livro dos Bra-Péis que precisaria de outro livro para descrevê-los, mas posso citar dois deles. O do Bra-Pel de 1950, no mesmo dia do jogo da final da Copa do Mundo entre Brasil e Uruguai. Aquela partida foi a prova cabal da paixão dos torcedores pelo clássico a ponto de valorizar mais seus próprios clubes do que a Seleção Brasileira. Escrevi mais a respeito dessa partida no blog que tenho desde 2009 chamado Diário do Professor Mário. A outra é a expansão do Bra-Pel a outros esportes além do futebol de campo, como o futebol de salão e o basquete, a ponto dos jornais e revistas da época, em especial a Revista dos Esportes, fazerem coberturas das partidas. E sem deixar de mencionar os clássicos que presenciei in loco como torcedor do Brasil que foram importantes para a publicação deste livro e que, a meu ver, são considerados fatos históricos.

Qual é o significado e o peso do Bra-Pel para a cultura de Pelotas?

O significado do Bra-Pel na cultura de Pelotas é imenso por representar classes sociais distintas chegando a um determinado ponto na história do clássico que por causa disso foi chamado de Fidalgos da Avenida contra os Xavantes. Historicamente o Bra-Pel é considerado uma das maiores rivalidades do país e cada torcedor se lembra disso independentemente de que lugar do mundo esteja. É bom ainda recordar que, mesmo nesse hiato de quatro anos, os torcedores dos dois times mantiveram acesas as chamas da rivalidade com gozações e provocações sadias. Eu, como amante do futebol e historiador esportivo, sou um defensor ferrenho da valorização da história do futebol como patrimônio cultural. Afinal, Pelotas tem identidade própria com o futebol a ponto de seus habitantes valorizarem mais os clubes locais do que a dupla Gre-Nal. E tanto Brasil como Pelotas e o Farroupilha são partes importantes da história da nossa cidade. Muitos de seus dirigentes participaram ativamente na construção dessa história através dos anos, seja na política ou em outras funções. Sem dúvida, o peso do Bra-Pel é enorme a ponto de, mesmo enfrentando dificuldades, até hoje emocionar e cativar o povo de nossa cidade.

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