O navio quebra-gelo Akademik Tryoshnikov retornou ao porto de Rio Grande após 72 dias de missão na Antártica. A chegada aconteceu na sexta-feira (31) e marcou o encerramento de uma das maiores pesquisas já realizadas no continente gelado.
A Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica (ICCE), coordenada pelo renomado pesquisador polar Jefferson Cardia Simões, do Centro Polar e Climático (CPC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), partiu de Rio Grande em 23 de novembro, com o objetivo de navegar o mais próximo possível da costa antártica e coletar dados científicos para o estudo das mudanças climáticas.
Missão pioneira e colaboração internacional
A ICCE reuniu 57 cientistas de sete países – Argentina, Brasil, Chile, China, Índia, Peru e Rússia –, sendo 27 brasileiros ligados ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera e a projetos do Programa Antártico Brasileiro (Proantar/CNPq).
A iniciativa foi financiada majoritariamente (97%) pela fundação suíça Albédo Pour la Cryosphère, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).
Descobertas e impactos científicos
Durante mais de dois meses, a ICCE conduziu pesquisas fundamentais sobre o clima e os ecossistemas antárticos. Entre as principais atividades, destacam-se o lançamento de 43 balões atmosféricos equipados com radiossondas, que coletaram dados sobre pressão, temperatura, ventos e composição da atmosfera.
Os cientistas também realizaram coletas em 19 estações oceanográficas, quatro locais de solos e lagos costeiros, além de cinco paradas para extração de testemunhos de gelo. As amostras coletadas contribuirão para estudos sobre biodiversidade, microbiologia e impacto das mudanças climáticas no ecossistema costeiro antártico.
Para o coordenador da expedição, Jefferson Cardia Simões, os resultados obtidos reforçam o papel estratégico do Brasil na ciência polar. “O Brasil demonstra mais uma vez sua capacidade de liderar missões de alta complexidade. Os dados coletados nos permitirão ampliar o conhecimento sobre os ecossistemas costeiros antárticos e compreender seus impactos diretos no Sul Global”, destacou Simões.
Próximos passos
Os resultados preliminares da expedição serão apresentados em uma coletiva de imprensa na segunda-feira (3), em Porto Alegre. Já as informações finais da pesquisa devem ser divulgadas nos próximos meses.