Inauguração do balneário Santo Antônio teve procissão e missa

Opinião

Ana Cláudia Dias

Ana Cláudia Dias

Coluna Memórias

Inauguração do balneário Santo Antônio teve procissão e missa

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Há 73 anos

Um dos locais mais emblemáticos de Pelotas, o Laranjal, com os seus dois balneários, Santo Antônio e Valverde, como se conhece hoje, era de difícil acesso na primeira metade do século 20. A grande faixa de terra margeando a Lagoa dos Patos era dividida por quatro estâncias da família Assumpção, quando na segunda metade da década de 1940, o advogado, político e professor universitário Antônio Augusto de Assumpção Júnior, proprietário da Estância do Laranjal, antiga sede da sesmaria de Thomaz Luiz Osório, teve a iniciativa de transformar parte de sua propriedade rural em uma vila residencial de veraneio. Esse movimento resultou na fundação da Vila Residencial Balneária Santo Antônio, inaugurada oficialmente em 31 de janeiro de 1952.

Apesar de os terrenos serem de propriedade privada, a orla era conhecida por muitos pelotenses que desfrutavam da sua natureza, especialmente nos verões, com autorização. “Felizmente, os proprietários das quatro estâncias da família Assumpção quase nunca se negavam a conceder essas licenças. Assim, durante cada verão, essas estâncias ficavam apinhadas de veranistas, que montavam seus acampamentos rudimentares sob as frondosas figueiras”, relembra o jornalista e pesquisador Antônio Augusto de Assumpção Mazzini, neto de Assumpção Júnior.
Segundo Mazzini, que há alguns anos pesquisa a urbanização do Laranjal, Assumpção Júnior teve o apoio da esposa, Zilda Tavares de Assumpção, e foi estimulado pelos veranistas que frequentavam sua estância. “Na época, sequer existia uma ponte sobre o Arroio Pelotas, e o acesso ao Laranjal era difícil”.

Parceiro no empreendimento

Posteriormente, Assumpção Júnior conheceu, na estância de seu irmão Alfredo Assumpção, o engenheiro agrônomo Adolfo Bender, que se tornou o parceiro do projeto. “Além de sua expertise técnica, sua ligação familiar também foi um fator de aproximação: ele era concunhado de Alfredo Assumpção, proprietário da Estância Mimosa (Carmelo)”, conta o jornalista.
Em 1947 foi dado o primeiro passo, a abertura da estrada que ligaria o corredor principal à praia. A via foi batizada de avenida José Maria da Fontoura, em homenagem ao tio-bisavô de Antônio Assumpção Júnior, antigo proprietário das terras.

Impulso nas vendas

“A urbanização avançou com a abertura da avenida Beira-Mar, que terminava no cruzamento com a rua Nº 23, atual rua Porto Alegre, bem como da Segunda Avenida, atual avenida Rio Grande do Sul, que terminava no cruzamento com a rua Nº 6, atual Santo Ângelo”, relembra o pesquisador. A aprovação da planta da primeira fase do loteamento ocorreu em 1949, quando começaram as vendas dos terrenos, porém a procura foi muito aquém do esperado. O corretor daquela fase era Francisco Agrifóglio.
As vendas só tiveram impulso, a partir de 1950, com a chegada do uruguaio Juan Carlos Di Lucca e sua equipe de corretores. Di Lucca investiu em um massivo apelo publicitário, uma estratégia inovadora para a época, que atraiu interessados e consolidou a viabilidade comercial do balneário.

Religiosidade e baile no primeiro dia

Uma procissão de 300 fiéis, carregando a imagem de Santo Antônio desde a Estância do Laranjal até o terreno destinado à construção da igreja do padroeiro, marcou a inauguração. Após foi realizada uma missa campal, celebrada por Dom Antônio Zattera. Naquele dia também ocorreu um baile na Taberna da Lagoa, onde hoje funciona a padaria Ki-Colosso, segundo Mazzini. A festa foi organizada pelos antigos veranistas da Estância do Laranjal em homenagem à família Tavares de Assumpção.

Segunda fase

Naquele mesmo ano, Antônio Assumpção Júnior, com a saúde fragilizada, vendeu o empreendimento ao empresário Adolfo Fetter, que prosseguiu o loteamento. Após o falecimento de Assumpção Júnior, ocorrido em agosto de 1954, por iniciativa da Sociedade Praia do Laranjal, empresa da família Fetter, que sucedeu no empreendimento, e do Laranjal Praia Clube, foi feita uma homenagem ao empreendedor pioneiro. A avenida Beira-Mar foi rebatizada para Doutor Antônio Augusto de Assumpção Júnior.
Conduzida por Adolfo Fetter, a cerimônia foi realizada no dia 18 de dezembro de 1954 e amplamente noticiada pelo Diário Popular em sua edição de 24 de dezembro. O evento contou com a presença de autoridades civis, militares e eclesiásticas. “A transformação do Laranjal não foi apenas uma conquista urbanística; foi uma revolução na forma como Pelotas se relaciona com sua geografia e seus espaços de lazer. O que antes era um cenário selvagem e restrito a poucos, hoje se tornou um dos bairros mais icônicos e valorizados da cidade, integrando natureza, história e modernidade”, analisa.

Há 50 anos

Pelotas vive momento de modernização das vias

A comunidade de Pelotas percebia um novo fôlego de urbanização e modernização da cidade. Na época estavam sendo pavimentadas vias que atualmente são muito importantes para o trânsito do município, como a Marcílio Dias, que em 1975 estava toda pavimentada, e com iluminação a vapor de mercúrio.
As avenidas Fernando Osorio e Dom Joaquim, que compunham o complexo de acessos da cidade, também estavam em processo de pavimentação. Na época também estava pavimentada a estrada de acesso aos balneários do Laranjal. A sinalização das vias, que estava sendo trocada, era outra frente de trabalho da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, do governo de Ary Alcântara. A novidade ia ao encontro das novas regras do Conselho Nacional de Trânsito.

Fonte: revista Pelotas 70

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