O projeto PancPop é uma iniciativa da Furg voltada à popularização do uso das Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) na Região Sul, com ênfase no município de São Lourenço do Sul. O objetivo é capacitar agricultores e consumidores a reconhecerem as Panc como alimentos, promovendo sua produção e consumo, resgatando saberes populares e contribuindo para a soberania alimentar e qualidade de vida da população. As atividades são coordenadas por Jaqueline Durigon e incluem oficinas, palestras e cursos, tanto no campo quanto na cozinha, capacitando agricultores para o extrativismo sustentável e comercialização das plantas.
O que motivou a criação do projeto?
Iniciamos com um levantamento etnobotânico para identificar o conhecimento popular dos agricultores sobre mais de 200 espécies locais. Apesar do amplo saber, o uso e a comercialização dessas plantas eram limitados. Assim, direcionamos nossas ações para popularizar o consumo, incentivar o cultivo e promover a oferta dessas espécies, especialmente em feiras ecológicas.
Quais são as principais PANC que são promovidas pelo projeto?
O projeto promove PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais) alinhadas à matriz agrícola da agricultura familiar da zona sul do RS, focada em hortaliças folhosas e tuberosas. Trabalhamos com espécies de batatas, como tupinambor, inhame e batata yacon. Além disso, cúrcuma, capuchinha, azedinha e plantas espontâneas (beldroega, erva-de-pinto). Inicialmente, o foco era no extrativismo, mas, devido à irregularidade, desenvolvemos sistemas de cultivo planejado, garantindo oferta regular e incentivando a geração de renda. O objetivo é diversificar a produção local e ampliar o uso e a comercialização dessas espécies.
Como o projeto planeja capacitar agricultores e consumidores para o reconhecimento e uso das plantas?
O projeto busca capacitar agricultores e consumidores para o reconhecimento e uso de PANC por meio de ações de sensibilização, cursos e oficinas. Ele conta com especialistas renomados e aborda temas como identificação botânica, sistemas de cultivo e benefícios nutricionais. As atividades são adaptadas às demandas do público, variando entre formações básicas e avançadas. Além disso, o projeto destaca a participação de agricultores familiares de São Lourenço do Sul, que atuam como facilitadores, promovendo trocas de saberes entre agricultores, fortalecendo a conexão entre conhecimentos científicos e populares. No ano passado, o projeto protagonizou o Hortpanc, o maior evento do ramo no Brasil. O projeto consegue alcançar, de fato, os agricultores, e isso foi um aspecto importante para a escolha de São Lourenço do Sul como sede.
Quais são os benefícios esperados para a soberania alimentar e a qualidade de vida da população?
O projeto promove a valorização dos conhecimentos populares, a diversificação de espécies na produção agrícola, e o incentivo ao consumo de PANC, visando a soberania alimentar. A diversidade traz benefícios como maior resistência a eventos climáticos, ampliação da oferta de alimentos nas feiras e refeições mais ricas nutricionalmente. Ao combater a limitação de espécies consumidas globalmente, o projeto resgata o potencial de milhares de espécies brasileiras, ampliando a autonomia e as escolhas alimentares da sociedade. O Brasil é o país com maior diversidade de espécies do mundo, mas a maioria das espécies ofertadas no supermercado são asiáticas e europeias. Temos que olhar para a nossa biodiversidade e as espécies com potencial alimentício, contribuindo para a soberania nacional e alimentar.