A Federação dos Trabalhadores Rurais Assalariados do RS (Fetar-RS) negocia, junto à secretaria estadual do Trabalho, o suprimento da demanda por trabalhadores na colheita de uva e maçã na Serra Gaúcha com a mão de obra de regiões menos desenvolvidas do Estado. A iniciativa tenta barrar a entrada de trabalhadores estrangeiros em situação irregular, como ocorreu durante a safra passada. A Fetar mobiliza trabalhadores principalmente das regiões Sul, Campanha e Fronteira, para ocupar as vagas de trabalho.
Ontem, o primeiro grupo de oito assalariados rurais de Arroio Grande chegou a Bento Gonçalves para começar a trabalhar nas propriedades rurais da Serra. O processo de chegada dos funcionários está sendo acompanhado pelo presidente da Fetar, João Cezar Larrosa, para verificar as condições laborais e das propriedades, para evitar problemas como os casos de trabalho análogo à escravidão que marcaram o setor no ano passado.
Além disso, em breve, haverá uma reunião com o secretário do Trabalho, Gilmar Sossella, para discutir a ampliação das ações do Sine na captação de trabalhadores para as safras de fruticultura naquelas regiões.
Projeto-piloto
Segundo Larrosa, atualmente cerca de 20 a 24 mil trabalhadores estrangeiros – argentinos, haitianos e venezuelanos, principalmente – entram em território gaúcho em busca das ofertas de emprego da Serra. Nessa linha, a Fetar desenvolveu esse projeto-laboratório, em parceria com o governo do Estado, para integrar trabalhadores de municípios gaúchos com maior oferta de mão de obra excedente a essas oportunidades.
O gestor destaca que a mudança na vocação agrícola de Arroio Grande, com a substituição de culturas como o arroz pela soja, contribuiu para o desemprego rural e tornou o projeto uma alternativa econômica relevante. “Significa uma rentabilidade maior. Esses trabalhadores estão formalizados. Quem tiver oportunidade de permanecer após a safra, fica e consegue uma rentabilidade maior que na fronteira”, explica.
Embora haja desafios, como a formalização dos trabalhadores rurais, Larrosa acredita que o projeto representa uma oportunidade significativa para as famílias da Região Sul.
Como denunciar o trabalho irregular?
As denúncias de irregularidades trabalhistas podem ser feitas por qualquer pessoa, pelo link ou pelo sistema ipê. As denúncias no sistema Ipê podem ser sigilosas e muito importantes para que as instituições públicas possam ter conhecimento para adotarem as medidas cabíveis.