Helena Moschoutis faz parte do projeto “Brotando Compostagem”. Desde 2023, o grupo oferece compostagem por assinatura para residências e empresas, além de promover educação ambiental, já realizada em escolas. Recentemente, aprovaram um projeto para compostar resíduos da merenda escolar na Colônia de Pescadores Z-3. A compostagem inclui resíduos como carne e laticínios, e a ideia é transformá-los em recursos, com economia de verba pública e geração de empregos, para promover uma gestão sustentável de resíduos no município.
Como surgiu a ideia de transformar a compostagem em um serviço por assinatura?
Em 2022, eu e a Camila Salomão, bióloga, trabalhávamos com educação ambiental em uma escola. Percebemos que aquilo poderia ser replicado em residências, e uma mudança neste hábito precisaria estar acompanhada de um processo de educação. Conhecíamos outros grupos que faziam compostagem nesse modelo por assinaturas, e nos juntamos com o Roberto Giovanaz, jornalista, e a Quelen Gutierrez, assistente social, ambos identificados com as questões ambientais. Em dezembro de 2023 nasceu a Brotando Compostagem e Educação Ambiental. Quem assina o serviço de compostagem muda sua relação com o resíduo e se reeduca também. A gente acredita que provoca uma mudança cultural porque ela acontece nas cozinhas, no íntimo das casas e das instituições e traz à tona algo sobre o qual ninguém gosta muito de falar, que é o “lixo”. Nossa existência gera e transforma esse “problema” em adubo.
Quais são os resultados mais significativos que vocês já observaram nas escolas onde implementaram a compostagem?
A mudança de hábitos que as crianças levam para casa é um dos resultados mais impactantes. Elas criam uma relação especial com as minhocas, aprendem a adubar plantas, semear e acompanhar o crescimento de árvores nativas da nossa região, tudo isso a partir do entendimento de algo simples, como a separação de cada tipo de resíduo. A compostagem permite que eles entendam o ciclo natural: começamos na “morte” de orgânicos e transformamos isso em fonte de “vida” para as plantas, que são a base da cadeia alimentar. Essas experiências práticas têm um efeito multiplicador, especialmente nas mãos de crianças de até oito, nove anos, e grande potencial de se tornarem hábitos permanentes, construindo uma relação mais consciente e responsável com o meio ambiente ao longo da vida.
De que forma o projeto colabora com o município de Pelotas em termos de redução de resíduos e emissões de gás metano?
Esse recurso pode ser redirecionado para iniciativas que reciclem esse material, como a nossa e outras que possam surgir. Outro aspecto importante é o potencial do projeto para influenciar práticas sustentáveis em escolas. Com a compostagem da merenda escolar, o produto gerado pode adubar hortas escolares e comunitárias. Essas hortas contribuem para a alimentação e fortalecem o vínculo das crianças e da comunidade com a educação ambiental, promovem a sustentabilidade das comunidades e da alimentação saudável. É um passo importante em direção a soberania alimentar da população, que muitas vezes se vê cercada de alimentos ultraprocessados, que são mais baratos e acessíveis que os da feira.