As temperaturas elevadas das últimas semanas trazem de volta uma preocupação histórica da região: a falta de água em razão da estiagem. Em Pelotas, o Sanep aponta que, no momento, não há risco de desabastecimento. Na última crise, em 2023, os baixos níveis de água na barragem Santa Bárbara começaram em janeiro e o nível chegou a ficar 3,6 metros negativos em maio.
Em 2025, o cenário é mais favorável e o acumulado de chuva de janeiro já se aproxima dos 200mm. Além disso, o funcionamento da Estação de Tratamento de Água (ETA) São Gonçalo, inaugurada no ano passado, ajuda a afastar qualquer risco de desabastecimento.
De acordo com o coordenador do Departamento de Tratamento do Sanep, Daniel Corrêa, todas as Estações de Tratamento de Água (ETAs) operam sem intercorrências. Na barragem Santa Bárbara, a água extravasa o vertedouro, enquanto no canal São Gonçalo já há uma leve queda no nível da água.
“Embora tenha baixado discretamente o nível do São Gonçalo no canal de captação, não representa risco de abastecimento neste momento. A cidade é abastecida pelas ETAs Moreira, Quilombo, Santa Bárbara e São Gonçalo, além da ETA Móvel do Laranjal, com dois contêineres produzindo água tratada para os balneários”, afirma Corrêa.
Na região, investimentos garantem abastecimento
No resto da região, nos 22 municípios atendidos pela Corsan, a companhia afirma que até o momento não há cidades afetadas pelas condições climáticas e que em todas os sistemas de abastecimento estão com níveis normais. Segundo a Corsan, foram adotadas medidas para aumentar a vazão nos locais de captação de água, o que afasta a possibilidade de desabastecimento.
Em Canguçu, foram investidos R$ 2 milhões em ações preventivas, incluindo a limpeza de canalização para aumentar a vazão e melhorias de captação que ampliaram em 40% o volume de água bruta para tratamento.
Em Capão do Leão e em São Lourenço do Sul, foram feitas limpezas das adutoras de água bruta também para aumentar a vazão de captação. Em Arroio Grande, está sendo ampliada a captação para aumentar o volume de água enviada à estação de tratamento.
Em Rio Grande, a Corsan investiu mais de R$ 5 milhões no Cassino, incluindo a recuperação de sistemas de bombeamento e tratamento de água. Também foram feitas reformas que ampliaram a capacidade de produção de água tratada e manutenção das bombas de captação de água bruta no canal São Gonçalo.
Chuvas irregulares devem continuar
Apesar de chuvas dentro do esperado em Pelotas, o cenário não é igual em toda a região e chuvas irregulares já causam preocupação com a estiagem. De acordo com a meteorologista Camila Cardoso, janeiro está sendo marcado por chuvas abaixo da média em boa parte do Rio Grande do Sul, com acumulados entre 25mm e 40mm.
De acordo com ela, as chuvas devem seguir irregulares nas próximas semanas, especialmente na metade sul. “Há sinais de se tornarem mais frequentes entre os últimos dias de janeiro e no decorrer de fevereiro, melhorando o cenário quando comparado com o final de dezembro e parte do mês de janeiro, que se mostrou seco no sul do estado”, explica a meteorologista