Depois de passar períodos de maior movimentação nas estradas que são Natal e Ano Novo, as rodovias que cortam a Zona Sul do Estado somam três mortes e cinco acidentes considerados graves em 2025. O último deles foi na segunda-feira, quando um homem de 40 anos morreu após o caminhão que conduzia, tipo trator semirreboque, emplacado em Tapejara, tombou no quilômetro 137 da BR 392, próximo ao Posto Fita Azul, em Canguçu.
Três dias antes, o motorista de uma caminhonete perdeu a vida após o veículo colidir em uma charrete no quilômetro 534 da BR-116, em Capão do Leão, próximo à ponte sobre o Arroio Teodósio. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o condutor, um empresário jaguarense de 32 anos, morreu no local do acidente. A PRF registrou ainda 20 acidentes e, além das mortes, 12 pessoas ficaram feridas e precisaram ser encaminhadas para hospitais.
Para o inspetor Chefe da 7ª Delegacia da PRF, em Pelotas, Daniel Pitrez, alguns fatores podem estar atrelados aos acontecimentos. “Quanto ao comportamento dos condutores, se observa, em média, 33 veículos flagrados transitando com excesso de velocidade a cada hora de radar aplicado”, revela.
Para tentar reduzir o número de acidentes nas rodovias da região, a PRF intensificou a fiscalização nesse período, que resultou na detenção de dez pessoas e na apreensão de três armas. Foram 1.113 testes de alcoolemia durante a abordagem de 3.589 pessoas, e vistoria em 2.255 veículos.
Limites de velocidade
Para a professora da UFPel com especialização em Engenharia de Transporte Terrestre, Raquel Holz, vias em boas condições e veículos mais potentes podem influenciar, indiretamente, no desrespeito aos limites de velocidade. Entretanto, relacionar esses fatores com o aumento no número de acidentes é mais complexo. “A solução envolve uma combinação de infraestrutura, tecnologia, fiscalização e educação”, opina.
A especialista observa que boas estradas e veículos modernos passam a impressão de que é mais seguro conduzir em alta velocidade, o que pode levar a decisões equivocadas e arriscadas, pois acabam não percebendo ou subestimando os verdadeiros riscos. Outro fator que pode influenciar é a falta de fiscalização visível, como radares fixos ou mesmo a presença de policiais entre uma base da PRF e outra, o que leva à sensação de controle sobre o veículo. Ela indica que muitos motoristas não têm o preparo para entender que o limite de velocidade não é só uma regra de trânsito, mas sim uma medida de segurança calculada com base em fatores como curvas, condições climáticas e densidade de tráfego, entre outros.
Clima também interfere
Altas temperaturas podem causar desconforto, fadiga e até irritabilidade ao conduzir, segundo Raquel, o que reduz a atenção do motorista e aumenta o risco de erros ao volante. “Muitos destes motoristas não estão habituados a conduzir em rodovias – os que usam mais os veículos em áreas urbanas – passam a viajar longas distâncias, o que pode resultar em decisões inadequadas”, pontua.