O prefeito de Canguçu, Arion Braga (PP), negocia junto à Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) pela melhoria do serviço oferecido ao município. A tratativa leva em conta, principalmente, a situação das ruas da cidade nas quais a companhia precisou intervir. Além disso, um aditivo contratual com a empresa na validade de 40 anos, assinado pelo ex-prefeito, Vinicius Pegoraro (PMDB), surpreendeu o atual gestor. Segundo Braga, o acordo não passou pelo Legislativo, e não oferece benefícios proporcionais à população.
O contrato de renovação acarreta em um aumento significativo nas contas de água dos consumidores, com a Corsan assumindo também o esgotamento sanitário. Dessa forma, os moradores passarão a pagar 70% a mais no valor de suas contas de água. Braga afirma que já se reuniu com representantes da Aegea Saneamento, que administra a Corsan. Caso não haja evolução no diálogo, ele considera a possibilidade de buscar uma solução judicial.
“Estamos tentando o acordo, de maneira amigável, para melhorar a contrapartida para o município. Não está uma negociação fácil, mas a Corsan não tem fechado as portas. Se caso não houver algo melhor, vamos tentar as vias judiciais para resolver essa situação”, declara o chefe do executivo.
Restauração das ruas
Entre as questões mais urgentes, está a avenida 20 de Setembro, uma das principais vias da cidade. O local apresenta um trânsito truncado devido à destruição da pavimentação, atribuída às obras da companhia. Mansur Garcia, proprietário de uma revendedora de automóveis da avenida, reclama do processo de restituição nos trechos em que ocorreram as intervenções.
“[A Corsan] abre os buracos e deixa eles abertos. Vieram lá de baixo fazendo isso e está muito ruim. Na parte que fecharam, está tudo desnivelado”, atesta o morador, que também não está satisfeito com o fornecimento de água. “Já chegou a faltar por dois dias direto aqui. Mas faltar um dia, uma manhã, uma tarde, isso é constante. E cada vez sobe mais os valores, e o serviço péssimo”.
Braga espera que a pavimentação dos pontos que passaram por obras seja restaurada da maneira adequada, e as ruas fiquem em condições iguais ou melhores do que estavam antes das intervenções. O atual cenário, com trechos de vias cobertas por areia e pedras mal niveladas, tem desagradado a população. “O que nós queremos é qualidade do serviço. Eu não contesto a necessidade das obras, mas o serviço não está bom”, esclarece.
Visita técnica
Na semana passada, em reunião com a alta direção da Aegea, foi acordado que uma equipe de engenheiros e técnicos seria enviada a Canguçu para avaliar a situação das ruas e as demandas que precisam ser atendidas. A expectativa é de que essa visita ocorra dentro de 15 dias. “A esperança é melhorar o abastecimento de água, a qualidade dos serviços e a situação das ruas”, diz o prefeito.
Corsan atende ao acordo
De acordo com a Aegea, em outubro de 2024 a Corsan já iniciou a repavimentação da avenida 20 de Setembro, que deve ser concluída em 30 dias. Em caso de chuva, o prazo deve ser estendido. Após a conclusão do asfalto no local, a equipe se deslocará para a Rua General Câmara, que também será repavimentada. Ao todo, serão calçados 13.804 metros quadrados, com investimento de R$ 1,2 milhão. Desta forma, a Corsan atende ao acordo com o município de restaurar os locais onde ocorreram intervenções da companhia.
Nova reunião amanhã
A empresa informa que vai tratar deste e de outros assuntos de interesse comum em reunião com o prefeito de Canguçu, marcada para amanhã.
Marco Legal do Saneamento
Todos os projetos da Corsan – tanto para abastecimento de água como para coleta e tratamento de esgoto – estão direcionados à universalização do saneamento básico previsto pelo Marco Legal do Saneamento, estabelecido por lei federal. Até 2033, 99% da população deverá ter acesso à água potável e 90%, à coleta e ao tratamento de esgoto. Para alcançar esta meta nos 317 municípios que atende no Rio Grande do Sul, a Corsan planeja investir R$ 1,5 bilhão por ano até lá.