Embora em público os vereadores de Pelotas tenham mantido discrição sobre a manchete do A Hora do Sul de terça-feira, a notícia de que o vereador Cauê Fuhro Souto (PV) destinou uma emenda de R$ 625 mil a um CNPJ em que seu irmão consta como presidente repercutiu nos bastidores.
O vereador Ivan Duarte (PT) diz que pretende acionar as comissões de ética da Câmara e da federação composta por PT, PCdoB e PV. “Acho que ele deve ter um lugar de defesa. A Câmara não pode agir como se nada tivesse acontecido e a federação tem que se manifestar”, diz.
Parlamentares avaliam que o período de recesso prejudicou o impacto do caso na Câmara. Já outros temem que o aprofundamento de investigações sobre as emendas acabe se virando contra eles próprios, já que vários parlamentares têm relação próxima com algumas associações, inclusive tendo assessores como presidentes.
Inclusive, o fato de que outros vereadores também têm relações com entidades é um dos pontos da defesa de Cauê, que sustenta que seu irmão não é mais presidente da Brasil em Dança e, portanto, não haveria nenhuma irregularidade.
É verdade: que os vereadores tenham proximidade com associações é razoável e, a priori, não há nenhum problema nisso. Como agentes políticos, é natural que se aproximem de entidades e que lideranças surjam destes espaços. Porém, vale sempre a máxima: a mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta…
Prestação de contas
Ao falar sobre o caso na sessão de terça, Cauê voltou a sustentar que a Associação dos Amigos de Pelotas é idônea e que não há nenhuma relação com a sua família. Ele disse que a matéria é “mentirosa” e que a entidade irá fazer prestações de contas na internet sobre a aplicação da emenda. Pelo menos até esta terça, a Associação dos Amigos de Pelotas não possuía nenhum site ou página nas redes sociais.