Três dias depois de desembarcar no Porto de Rio Grande, 88 imigrantes alemães/pomeranos chegaram à Serra dos Tapes, no dia 18 de janeiro de 1858, na então colônia São Lourenço do Sul. Neste sábado (17), os 167 anos de colonização alemã são celebrados com a preservação da história e os costumes através do Caminho Pomerano. O grupo representa mais de 81% do total da massa migratória que se estabeleceu na colônia e pelo sucesso do empreendimento impulsionou a criação do município, 26 anos depois.
Orientados pelo empresário alemão Jacob Rheingantz e o português José de Oliveira Guimarães, se instalaram em terra devoluta, abriram matas, plantaram sementes, construíram casas e prosperaram transformando o local em uma potência exportadora de batata inglesa a partir de 1862. De acordo com o bacharel em Desenvolvimento Rural (UFRGS), condutor local do Caminho Pomerano e escritor, Rodrigo Seefeldt, conforme registros históricos cada família trouxe poucas bagagens, sua língua pátria, hábitos, costumes e histórias orais.
Pela singularidade da etnia, no Brasil, apenas em Pomerode, em Santa Catarina e Santa Maria do Jetibá, no Espírito Santo, há descendentes de imigrantes pomeranos, com preservação de cultura e língua ainda falada. “Celebrar a data significa preservar viva a história dos nossos antepassados que buscaram aqui uma nova vida, trazendo seus sonhos, cultura e muita saudade da sua pátria”, destaca o historiador. Ele lembra que no interior de São Lourenço do Sul, várias escolas trabalham o tema cultural dos Pomeranos, além das comunidades religiosas que mantêm suas tradicionais festas e o coral.
Potencial turístico
A etnia pomerana em São Lourenço do Sul despertou a iniciativa de aproveitar a cultura ainda viva no povo que vive em pequenas propriedades rurais. A Associação do Caminho Pomerano, por exemplo, possibilita que turistas e visitantes em geral possam conhecer a cultura e os costumes.
“Diversos moradores se associaram e abriram suas propriedades para mostrar suas tradições, usos e costumes, que abrange um grande leque que vai da culinária, músicas, folclore, língua, terapia de ervas medicinais, artesanato e outros aspectos peculiares da vida deste povo”, relata Seefeldt. O empreendimento é um dos mais bem sucedidos do trading turístico da região e o Caminho Pomerano preservado através de lei municipal como patrimônio cultural de valor imaterial.