Mesmo com os problemas climáticos enfrentados pelo Estado, a expectativa do presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, é de uma boa safra para 2025. Apesar da redução de cerca de 20 mil hectares na área central do Estado, a safra gaúcha deverá ficar em torno de 7,7 milhões de toneladas, o suficiente para abastecer todo o mercado nacional.
Em conversa com o Jornal A Hora do Sul, Velho analisou o cenário atual do setor. O Rio Grande do Sul é responsável por 70% de toda a produção brasileira. “Acredito que mesmo apesar de algumas dificuldades o protagonismo do RS deve continuar, pois produzimos um arroz de alta qualidade, valorizado pelo consumidor brasileiro”.
Como está a expectativa da safra 2024/2025?
Embora alguns problemas enfrentados na região central, a expectativa é de uma boa safra para 2025. Lá, os produtores tiveram muitos prejuízos principalmente na sua parte estrutural, como canais de irrigação, de drenagem, estruturas de armazenagem, problemas de erosão do solo também, e isso fez com que não se confirmasse a intenção de plantio para a região central, ficando em 84,78% da área planejada. Temos também alguns atrasos na região sul devido as chuvas na época de plantio e isso atrasou os manejos da cultura. Por isso, trabalhamos com uma boa safra, porém não deve ser uma safra excepcional devido a questão de área menor do que a inicialmente prevista.
Quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos produtores?
O maior desafio para 2025 é conseguir deixar aptas as lavouras, porque não tivemos perdas somente na região central. O custo de produção pode aumentar em até 5% para este ano. Ao invés do governo estar fazendo contrato de opções com preços baixos, anúncios de importação de arroz desnecessários, na nossa visão o governo precisaria se preocupar em auxiliar os produtores, principalmente os pequenos da região central.
Como anda a relação com o governo?
No ano de 2024 tivemos uma abertura de diálogo com o governo, comprovamos através de análise técnica de que os problemas da lavoura eram outros. Comprovamos, inclusive, que o arroz que colhemos era suficiente para abastecer o mercado e o ano terminou e isso se comprovou. Nós temos arroz suficiente para chegar até a próxima safra. Qualquer criação de política deveria contar com representantes do setor e o que nos provocou uma surpresa negativa foi o anúncio de políticas públicas para o arroz pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, e não é que ele não deva participar, porém o Ministério da Agricultura não deve ficar de fora da implementação de políticas agrícolas nacionais para o arroz. Também estranhamos que a Câmara Setorial não foi chamada para ser consultada a respeito dos gargalos do setor. Solicitamos que o setor seja chamado e ouvido pois é ele quem conhece a fundo os problemas da cultura do arroz.
O que precisa ser oferecido para fortalecer o setor?
Que se ataque problemas com a questão tributária, as diferenças que temos de imposto entre os estados brasileiros, o que tira a competitividade da indústria gaúcha, assim como a atuação em questões que trazem impacto direto ao custo de produção. O principal problema do arroz é o alto custo, que não baixa de R$ 12 mil reais por custo direto de hectare e até R$ 16 mil em custo total e isso o governo não está tentando ajudar o setor a diminuir o custo de produção e tampouco melhorando a competitividade do RS, que é o maior plantador de arroz do país, representando 70% da produção nacional.