A estiagem já apresenta sinais preocupantes em algumas regiões do Estado, e o governo busca medidas de apoio direto do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e articulação com outros órgãos para minimizar os impactos sobre a agricultura familiar.
Na Zona Sul, há o entendimento de que se não chover nos próximos dias, algumas culturas vão sofrer perdas.
De acordo com a meteorologista Camila Cardoso, o fenômeno La Niña esperado para 2025 será de curta duração e baixa intensidade, resultando em precipitações abaixo da média e uma distribuição irregular das chuvas no Rio Grande do Sul, impactando principalmente a Região Sul, além da porção oeste do RS.
Nessas porções, as temperaturas elevadas devem se manter, como característica do verão. “Será uma La Niña curta e de baixa intensidade possivelmente migrando para uma neutralidade no próximo inverno”, reitera.
A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) afirma que as condições atuais já se enquadram no cenário de La Niña, mesmo que o índice oceânico ainda não tenha atingido os requisitos de anomalia negativa. No entanto, o acoplamento oceano-atmosfera já está presente, o que altera o fluxo de ventos e a formação de nuvens e chuvas.
Reflexo no campo
De acordo com o informativo conjuntural da Emater do dia 5 de janeiro, a primeira semana do ano foi marcada por uma grande amplitude térmica, ventos e precipitações irregulares. O relatório salienta que a falta de chuvas nos próximos dez dias preocupa os produtores, pois o solo e a vegetação estão secando.
O extensionista da Emater, Edgar Noremberg, disse que ainda não tem dados específicos sobre perdas em razão da estiagem, pois as lavouras de verão estão em desenvolvimento vegetativo e ainda finalizando o plantio, como milho e soja.
“Caso se confirme a previsão de pouca chuva até o final do mês, a situação certamente poderá concretizar perdas, mas hoje ainda estamos numa fase de possibilidade de recuperação, caso ocorram chuvas”, pondera Noremberg.
O arroz e os pomares de videira, apesar de serem culturas diferentes, podem se beneficiar do calor e do tempo seco.
O produtor Jones Becker, 38 anos, tem propriedade na Santa Eulália, zona rural de Pelotas, e está preocupado com a falta de chuvas. “A gente está aguardando ainda, torcendo para que venha a chuva. O milho estava muito bonito, mas agora começou a murchar e já está tendo perdas em produtividade”, conta o agricultor.
“Se não chover em 10 ou 15 dias, vai ser uma perda bem grande. No verão, até 10 mm já ajuda a dar uma recuperada”, conclui.
Busca por apoio
Com o histórico recente de enchentes e duas estiagens consecutivas, o secretário de Desenvolvimento Rural do Estado, Vilson Covatti, esclarece que a intenção com a entrega de um documento ao ministério foi emitir um alerta da situação ainda em seu início.
“Estamos diante de um cenário que exige atenção redobrada e ações imediatas. A estiagem é uma ameaça constante para a produção rural no Rio Grande do Sul. Por isso, reforçamos ao governo federal a importância da união de esforços para enfrentar esse desafio”, destaca Covatti.