Em Pelotas há 25 anos o bailarino e professor de danças de salão Leandro Pizani colocou em ação um antigo sonho, liderar um espaço cultural que fosse além da dança. A iniciativa resultou na Casa de Cultura que leva o seu nome, instalada na rua Sete de Setembro, 100, esquina com Santa Cruz, e inaugurada nesta semana.
O espaço cultural começa com as aulas de dança de Pizani, claro, e com o estúdio de pilates, administrado pelo educador físico Matheus Pintanel, seu sócio no empreendimento. Também vai abrigar os grupos de Ginástica Cerebral, oferecido pela pedagoga Letícia Maffei, e o Theastai de Teatro, da encenadora Manu Garcia. Também há possibilidade da criação de um coral infantil.
Natural de Santa Vitória do Palmar, Pizani tem uma trajetória de quase 40 anos. Boa parte desse período compartilhando sua arte com os pelotenses em diferentes espaços, mais recentemente dentro projeto Guarany das Artes, iniciativa da ex-diretora do Theatro Guarany, Andreia Fetter Zambrano, que morreu em setembro do ano passado.
Amigo de Andreia, Pizani resolveu encerrar seu ciclo no teatro centenário e ir em busca da sua própria casa. Mas não é a primeira vez que ele vivencia essa experiência, por mais de uma década assumiu a Cia da Dança, fechada por ele mesmo pouco antes da pandemia.
Em busca desse novo local, o bailarino visitou o antigo casarão e percebeu que o espaço poderia acolher muito mais do que as suas aulas. Com dependências de diferentes tamanhos na parte térrea, o artista viu ainda no subsolo com quatro salas e nos pátios externos espaços perfeitos para a junção de várias atividades. “Foi amor à primeira vista, porque a casa tem personalidade”, relembra.
Basicamente a casa vai abrigar um co-working para ações culturais. “Um espaço para profissionais trabalharem, fazerem eventos”, diz. O bailarino quer também resgatar diferentes fazeres.”Quem sabe fazer tricô hoje, crochê, pintura em tecido? Essas atividades não têm mais lugar. Esse é o resgate que eu quero fazer”, comenta.
Para a terceira idade
Com projeto voltado para a terceira idade, Letícia Maffei pensou em levar a sua proposta para um café, mas ao conhecer a Casa de Cultura achou o espaço perfeito por ter salas com ambientação acolhedora. “Ser uma Casa de Cultura traz também a ideia de que tu estás indo trabalhar a cultura do lúdico”, diz a pedagoga.
Letícia vai trabalhar habilidades como memória, concentração e socialização através de jogos (tabuleiro, cartas e outros). “Tem toda uma questão cultural da avó que vai poder fazer as Cinco Marias para jogar com os netos, é um pouco desse resgate também, por isso o espaço se adequou”, comenta. A ideia é que os encontros sejam semanais, provavelmente nas tardes das terças-feiras.
Trocas culturais
“Conheci o Leandro em 2018, quando retornei para Pelotas e trouxe comigo o Grupo Theastai de Teatro”, conta Manu Garcia. O grupo, que teve início em 2013 no instituto Municipal de Belas Artes- Bagé (IMBA), migrou na época para a antiga Cia da Dança. “E agora, eu e Leandro, retornamos a parceria.”
O grupo, voltado para crianças de 10 a 12 anos, terá suas aulas nos sábados, das 14h às 17h. “Fazer parcerias com espaços culturais é de suma importância para os artistas locais, possibilita desenvolver seu trabalho em interação com outros projetos culturais que estão também em envolvimento com o mesmo espaço, havendo uma troca cultural e uma união entre os artistas”, avalia a encenadora.