Enquanto avançam as obras de duplicação da ERS-734, em Rio Grande, moradores que utilizam a via diariamente seguem sofrendo riscos das consequências de uma sinalização precária e das condições da pista. A entrega do trecho de 6,5 km, inicialmente prevista para o fim de 2024 foi adiada para dezembro deste ano, em função das chuvas que atingiram o Estado no ano passado e causaram atraso na entrega de materiais e problemas com a rede elétrica.
Segundo o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer), que fiscaliza a obra junto à Secretaria de Logística e Transportes (Selt), R$ 20 milhões já foram investidos nas intervenções do trecho que liga a cidade de Rio Grande ao Balneário Cassino. Nestes primeiros meses do ano, por conta do maior fluxo de veículos, há a priorização dos trechos entre os quilômetros zero e 4,8, com foco nos serviços de drenagem e pavimentação, bem como entre os quilômetros 4,7 e 5,3.
Em entrevista concedida em setembro, o diretor-geral do Daer, Luciano Faustino, procurou amenizar a situação e garantiu que o serviço será concluído antes da data prevista. “No verão, período mais seco do ano, vamos aproveitar para ampliar o cronograma da obra para adiantar o prazo”, disse. Além disso, o gestor assegurou que a construtora dará prioridade para a pista, garantindo a conclusão integral da rodovia até junho.
Acesso comprometido
A dificuldade de acesso às margens da estrada é um dos principais desafios para o motorista Júnior Porciúncula, 32. Morador de Rio Grande, ele relata que o impacto se estende, que enfrentam obstáculos ao tentar acessar suas casas. O homem ainda revela uma experiência pessoal que quase resultou em um acidente, ocorrido durante a noite devido à falta de sinalização adequada e à iluminação precária na área. “Fui fazer o retorno, acabei caindo em uns buracos e quase perdi o controle do carro”, conta.
Frustrado com o panorama da obra, o motorista de aplicativo Denis Borges, 47, lamenta as condições da rodovia e a falta de continuidade do processo de execução. Ele critica a estratégia de esburacar toda a extensão da via antes de começar a reparação, apontando que seria mais eficaz concluir um trecho por vez, como do trevo até a entrada do aeroporto, antes de iniciar o próximo. “Eu acho que a obra deveria ser completa aos poucos. Não começar em um pedaço, depois fazer outro pedaço, que é o que está acontecendo”, afirma Borges.
Além da falta de sinalização adequada, o morador fala sobre a dificuldade de transitar pela rodovia, que está em constante mudança. De um dia para o outro, os motoristas precisam adaptar seus trajetos, que são alterados constantemente. “Um dia desta semana passei por aqui, e foi pelo canto de lá”, ele narra, “ontem, já tinha mudado para passar pelo canto de cá. Então, muda dia após dia”.
A obra
Os serviços começaram em junho de 2022, com a Conpasul, vencedora da licitação, iniciando os trabalhos com previsão de conclusão em 18 meses. No entanto, no primeiro trimestre de 2023, a empresa enfrentou dificuldades para cumprir o cronograma e decidiu abandonar a obra, o que levou ao início do processo de rescisão contratual, finalizado apenas em setembro, quando o Consórcio Pelotense/SBS assumiu as atividades.