Cem anos de navegação na Lagoa Mirim será revivido em travessia

Trajeto binacional

Cem anos de navegação na Lagoa Mirim será revivido em travessia

Delegacia Uruguaia da Comissão Mista para o Desenvolvimento da Bacia pretende entregar uma carta náutica as autoridades de Pelotas e Rio Grande

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Cem anos de navegação na Lagoa Mirim será revivido em travessia
Grupo vai partir de Charqueada, no Uruguai. (Foto: divulgação)

A delegação uruguaia da Comissão para o Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim realiza entre os dias 22 e 25 de janeiro uma travessia histórica com saída de Charqueadas no Uruguai, passando pela vila de Pescadores Santa Isabel, em Arroio Grande, porto de Pelotas e porto de Rio Grande.

A proposta é celebrar o centenário de navegação pelo local, além de fomentar o turismo e a economia por se tratar de potencial meio de transporte hidroviário.

“Há cem anos as embarcações transportavam cargas pelas lagoas dos Patos e Mirim, como o famoso charque para o Uruguai, até a Zona de Cebollatí, além de erva mate, tabaco, açúcar e feijão de todo Brasil. Com o advento das rodovias, isso se perdeu a partir da década de 60. Desde então, não se navegou mais”, diz o presidente da comissão, engenheiro agrônomo Gerardo Acosta Terra. Antes de existir a BR-471 que liga o Brasil ao Chuy, este era o único transporte que fazia conexão entre Pelotas e Uruguai.

O objetivo, conforme Acosta, é recordar as antigas navegações e por isso está sendo tratada como uma travessia histórica. “Queremos mostrar a viabilidade de navegação pela lagoa tanto do ponto de vista turístico quanto esportivo, com a intenção de trazer o desenvolvimento da hidrovia para essa região”, justifica.

A saída está prevista para o dia 22, do Porto de Charqueadas, no departamento de Treinta y Tres.

A primeira parada será na colônia de Pescadores Santa Isabel, em Arroio Grande, onde devem pernoitar. Depois a comitiva formada por cinco pessoas, segue para o Porto de Pelotas, onde deve entregar uma carta náutica ao prefeito Fernando Marroni (PT).

O passeio segue até o Porto de Rio Grande, onde a ideia é se encontrar com as autoridades do município também para divulgar as potencialidades da Lagoa e fomentar parcerias.

Quem vem?

Participam cinco delegados e um secretário, com possibilidade das participações de um representante do Departamento de Recursos Naturais do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca e da ex-cônsul do Uruguai no Rio Grande de Sul, Liliana Buonomo.

Os tripulantes levarão um plano de batimetria (uma carta náutica) com as profundidades da Lagoa Mirim do trecho de San Miguel, no rio Jaguarão, em águas binacionais, que foi homologada, aceita e traduzida pela Marinha Brasileira.

Investimentos

Acosta lembra que estão em andamento projetos de melhorias no sistema hidroviário a partir da dragagem do canal São Gonçalo que se conecta com a Mirim e que sofreram alterações com as enchentes de maio de 2024, com depósito de sedimentos no fundo da lagoa. Provavelmente, após esse serviço – que está em fase de licitação – será preciso fazer mais um estudo de batimetria.

O projeto – que inclui a dragagem da lagoa Mirim – está inserido no Novo PAC e deve ter investimento de aproximadamente R$ 42 milhões e prazo de execução de 23 meses.
A assinatura aconteceu em dezembro do ano passado e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) ficou de estudar e aprovar o modelo de concessão para execução e gestão da hidrovia, para a manutenção e sinalização constante, no intuito de torná-la navegável ao longo dos anos.

Para viabilizar o processo, o Uruguai vai precisar disponibilizar um terminal portuário que está em fase de estudo.

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