O anúncio do dono da Meta, Mark Zuckerberg, de que as plataformas da empresa encerrarão seus programas de checagem de fatos marca uma mudança no paradigma das redes sociais e um avanço agressivo contra as políticas de países que tentam regulamentar a internet.
A Meta é dona das principais redes sociais do mundo, o Facebook e o Instagram, além do Threads e do WhatsApp. Está nos bolsos de todo mundo e, basicamente, é a mediadora do conteúdo que uma parcela enorme da população mundial consome na internet.
Em um vídeo, Zuckerberg também atacou o que chamou de “decisões secretas” de tribunais latino-americanos e acenou ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele apelou para que o governo americano ajude a combater o que vem sendo feito pelo judiciário de países como o Brasil, que tem determinado a remoção de conteúdos falsos e ofensivos, e apontou as armas contra a União Europeia, que avança na regulamentação das redes sociais.
Zuckerberg também anunciou que a Meta irá acabar com restrições a tópicos como imigração e gênero. Sob a bandeira da liberdade de expressão e apelando para o fantasma da censura, a Meta busca se isentar da responsabilidade sobre o conteúdo em suas redes e fugir de qualquer tentativa de impedir que a internet se torne uma terra sem lei.
Como alternativa, a Meta afirma que será criado um sistema de notas de comunidade, semelhante ao que existe no X (ex-Twitter), em que os próprios usuários fazem correções a publicações. O formato de autocorreção tem funcionado muito bem na Wikipédia, mas tem como dar certo em meio à enxurrada de fake news no Instagram e no Facebook?
Como o historiador Yuval Noah Harari aponta no livro Nexus, as possibilidades que a tecnologia nos trouxe, como as redes sociais e a inteligência artificial, têm potenciais devastadores, mas também podem ser ferramentas revolucionárias para o bem da humanidade. Por qual caminho vamos seguir? Não existem respostas prontas, mas precisamos estar atentos.