Ellemar Wojahn assumiu como diretor-presidente do Sanep esta semana com o objetivo de melhorar o atendimento aos consumidores e o desafio de avançar na cobertura de tratamento de esgoto. “Vou priorizar melhorar o serviço de atendimento ao consumidor, seja nas demandas por ligação de água, desentupimento de esgotos, coisas que garantam o abastecimento de água”, destaca.
O Sanep é a única autarquia municipal do país responsável pelos quatro eixos do saneamento: água, esgoto, drenagem e lixo. Wojahn afirma que encontrou a entidade com boas condições de dar respostas às demandas da cidade. “É uma autarquia bem estruturada, tem diversos departamentos para dar conta dessas quatro grandes áreas. Temos mais de 800 servidores e uma equipe técnica muito bem preparada, que garante uma qualidade da água muito boa para nossa cidade”, afirma.
O novo presidente considera que desde 2016, quando a tarifa de água começou a ser cobrada pelo consumo, as finanças do Sanep alcançaram um patamar saudável. Na avaliação de Wojahn, a taxa de lixo, tema polêmico que já foi alvo de ações judiciais, é fundamental para que o serviço seja prestado. “É um custo muito alto manter a coleta diária, transbordo, transporte e destinação final, então é inviável pensar o serviço sem ter essa receita”, diz.
O desafio do marco legal
O Marco Legal do Saneamento, em vigor desde 2020, prevê que até 2023 99% da população tenha acesso a água potável com 90% de coleta e tratamento de esgotos. Atualmente, Pelotas já universalizou o acesso à água, mas ainda há um longo caminho para avançar no tratamento de esgoto.
Com a inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Novo Mundo, o tratamento deve avançar de 21% para 40%. Agora, a expectativa de Wojahn é tirar do papel os projetos das ETEs Simões Lopes e da Estrada do Engenho, que juntas devem ampliar o tratamento de esgoto a cerca de 75%.
“Também apostamos no projeto de ampliar o tratamento de esgoto no Laranjal, que precisa de redes, e temos esse projeto pronto e buscando recursos. Não vamos chegar a atender o que está previsto no marco legal nos quatro anos, mas estamos dispostos a avançar”, afirma o presidente. Segundo Wojahn, já há garantia de financiamento de R$ 129 milhões para as duas novas ETEs, enquanto as melhorias no Laranjal devem contar com ao menos parte dos recursos a fundo perdido.
Uma alternativa que era cogitada pela gestão anterior para permitir investimentos em saneamento era a locação de ativos. Neste formato, uma empresa assume as obras em troca de uma contratação com o poder público por determinado período até que a obra passe definitivamente para, neste caso, o município. Wojahn descarta esse modelo. “Queremos dar conta com os nossos quadros e a nossa equipe, de ter um Sanep público que tenha a capacidade de dar resposta”, afirma.
Olhar para a drenagem
A enchente de maio do ano passado e os frequentes alagamentos em Pelotas reforçam a importância da drenagem, um dos braços do Sanep. Segundo Wojahn, há projetos prontos e em elaboração para ampliar a proteção contra cheias, incluindo o aumento do dique e uma nova casa de bombas no Laranjal
“Estamos identificando onde estão outros pontos sensíveis. A enchente mostrou que temos que trabalhar com uma cota de no mínimo quatro metros. Temos alguns problemas, por exemplo, no Quadrado, onde se tem um ponto sensível. Haverá investimentos para reforçar os sistemas de proteção contra as cheias”, destaca.
Sede própria
Em 2023, o Sanep adquiriu da prefeitura por R$ 2 milhões o prédio em que até 2016 funcionou a secretaria de Educação. O prédio foi desocupado por risco de desabamento e incendiou em 2019. O objetivo era, após restauro, sediar a autarquia, que atualmente paga mais de R$ 35 mil em aluguéis.
O novo diretor-presidente não descarta avançar com o projeto, mas pontua que não é uma prioridade. “Estou fazendo um levantamento para identificar as necessidades mais imediatas, e isso tudo tem a ver com recursos”, assegura.
Quem é Ellemar Wojahn
Formado em Engenharia Agronômica e com especialização em Cooperativismo, Wojahn já foi secretário de Governo e de Desenvolvimento Rural de Pelotas no primeiro governo de Fernando Marroni (PT). Mais recentemente, foi um dos gestores da cooperativa Pomerano Alimentos, de São Lourenço do Sul.