No verão, é natural que o fluxo de pessoas entre a cidade e os balneários aumente, e isso reflete na elevação da demanda de usuários no transporte público municipal. No entanto, o cronograma de horários não tem agradado tanto a população, que pede por mais opções durante o dia. Porém, segundo o Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP), que faz administração do serviço, embora haja interesse em ampliar o cronograma, essa expansão precisa ser justificada por uma demanda suficiente. Caso contrário, o aumento dos custos operacionais resultará em aumento das tarifas para os usuários.
De acordo com o diretor-executivo do Consórcio do Transporte Coletivo de Pelotas (CTCP), Enoc Guimarães, hoje em dia são 151 horários em dias úteis. Antes da pandemia, eram transportados 1,7 milhão de passageiros pagantes durante o mês. Agora, esse número caiu para 1,1 milhão, o que representa uma redução de aproximadamente 35%. “Impossível manter uma oferta igual, com uma demanda 35% menor. Isso é um fato que aconteceu em todo o Brasil”, afirma o gestor.
Ainda, segundo Guimarães, as grades destas linhas não foram alteradas durante o período de férias, justamente por conta do acréscimo da demanda dos veranistas. Quanto ao desejo por novos horários, enfatiza que o aumento de oferta deve ser equilibrado com a demanda para evitar impactos financeiros negativos. “Sempre há vontade e determinação de se colocar novos horários, entretanto, tem que haver demanda, ou haverá aumento de custos, com o consequente aumento de tarifa”, aponta.
Oferta e demanda
Outro dado exposto por Guimarães indica que a média de passageiros por quilômetro ao longo do ano é de 1,6. No entanto, em janeiro de 2024, esse número caiu para 1,4, o que poderá impactar negativamente o cálculo tarifário, previsto para ser realizado em fevereiro. “Ou seja, ou se busca um equilíbrio entre oferta e demanda, ou haverá um aumento maior no preço final da tarifa”, conclui o diretor da CTCP.
Usuários reclamam
A usuária do transporte Lúcia Langoni, 63, reside no Barro Duro há 20 anos. Como mora distante da cidade, ela depende do serviço para locomoção todos os dias, mas tem enfrentado desafios logísticos. O problema, diz Lúcia, é a falta de opções de ônibus, com uma oferta de horários que foi reduzida em razão da pandemia e não retornou mais à estrutura anterior. “O pessoal da noite não tem como estudar, porque não pode voltar para casa. E durante o dia, são muito extensos os intervalos”, argumenta.
A mulher diz que compreende a mudança na tabela de horários no momento em que não havia uma grande circulação de pessoas, mas reclama da grade atual. “Tenho que estar sempre correndo. Às vezes, se perco um ônibus, preciso ficar 40 minutos para pegar outro, enquanto antes eram 10 ou 15 minutos e já tinha outro encostando”.
Vizinha de Lúcia no Balneário dos Prazeres, a estudante Kauane Gonçalves, 18, também precisa se desdobrar na rotina para conseguir se locomover entre a residência e o trabalho. Em busca de emprego em uma pizzaria, por conta da experiência que já tem, ela enfrenta dificuldades para avançar na procura devido à limitação dos horários de transporte público no período noturno.