Diante da Lagoa dos Patos, o Ecocamping Municipal continua sem receber visitantes e sofre com o efeito do tempo. Localizado a 20 quilômetros da cidade, no caminho da Colônia de Pescadores Z-3, o local ficou conhecido durante muitos anos por reunir banhistas e campistas em busca de descanso e lazer, que movimentavam a região. Contudo, o espaço precisou ser fechado ao público por estar inserido em Área de Preservação Permanente (APP).
Em 2017, a então Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) estudou a melhor forma de garantir o uso sustentável do espaço. A administração foi transferida da Empresa do Terminal Rodoviário de Pelotas (Eterpel) para a SQA, mas a reativação do camping foi considerada inviável devido a regulamentações ambientais. À época, foi citada como medida adequada a criação de uma Unidade de Conservação Ambiental, que permitiria uso ecoturístico e educação ambiental.
Por estar em uma APP, a infraestrutura turística precisa obedecer a lei federal 12.651/2014, que permite acesso a pessoas e animais de baixo impacto ambiental. Porém, a resolução 288/2014, do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), classifica a operação da área de lazer como de médio impacto, inviabilizando o funcionamento do Eco Camping.
O secretário responsável pela pasta da SQA no novo governo, Márcio Souza, que assumiu o cargo há quatro dias úteis, reconhece que o tema está em atraso e garantiu a realização de um estudo técnico em conformidade com a legislação. “É necessário que, em seguida, haja um encaminhamento prático e efetivo”, frisa Souza, que define “prioridade” para abordar a questão. “Nosso objetivo é encontrar, nos próximos meses, uma solução viável para a utilização da área, respeitando integralmente a legislação vigente”.
Importância para a região
O caseiro Sérgio Oliveira, 65, é responsável pela conservação e segurança do espaço. Ele assegura que a reativação do camping seria importante para resgatar o turismo na região, enfraquecido ao longo do tempo, e traria benefícios econômicos para a comunidade. “Para nós seria uma boa [a reabertura]. Daria lucro para o pessoal da Colônia Z-3 e do Barro Duro, que podiam vender o seu peixe, o camarão, e até os mercados vendiam mais […] Mas como fechou, terminou com a alegria do pobre”, lamenta.
Contando que um dia o ambiente volte a ser como antes, Oliveira nutre as melhores memórias dos tempos mais áureos. “O movimento era intenso, um fervo, vinha muita gente”, recorda. “O pessoal que vinha de barraca, por exemplo, entrava na sexta e ficava até domingo. De visitantes, acho que chegaram a vir até 1,5 mil pessoas em um dia. Tínhamos que colocar a placa ‘lotado’ no portão, porque não tinha onde pôr mais gente”.
Relembre como é a estrutura
Quando ativo, o Camping Municipal contava com 20 cabanas: dez de um quarto (para três pessoas) e dez de dois quartos (para quatro pessoas). Há espaço para acampamento, com capacidade para 600 barracas de duas pessoas. Além disso, existem banheiros coletivos com chuveiros, churrasqueiras individuais e uma coletiva. O bar oferecia refeições, lanches, bebidas e mantimentos. Entre as benesses do local, além da praia quase particular, existem áreas para prática de esportes e lazer e trilha ecológica na vegetação de mata nativa.