Depois de 12 anos na prefeitura de Pelotas – quatro como vice e oito como prefeita – Paula Mascarenhas (PSDB) teve alguns dias como uma “cidadã comum” antes de assumir a secretaria executiva de Relações Institucionais no gabinete do governador Eduardo Leite (PSDB), na próxima segunda-feira. Em entrevista ao A Hora do Sul, a agora ex-prefeita fez um balanço de seu governo e prospectou seu futuro na política.
“Ser prefeita foi um grande desafio e uma experiência de vida, profissional e política extraordinária. Ter recebido a confiança das pessoas foi algo que me marcou muito, e ter trabalhado pela cidade e visto tantas transformações me enriqueceu demais”, diz.
O pacto e as crises
Paula foi prefeita em duas crises históricas: a pandemia de Covid-19 e a enchente de maio de 2024. “Procurei sempre nos momentos de crise me cercar de pessoas dispostas a ajudar, me aproximar da população, ser muito transparente e ouvir a ciência”, destaca. “As pessoas reconhecem este segundo mandato como de crises e que tinha uma gestora atenta e preocupada, tentando fazer o melhor para proteger a população”.
O Pacto Pelotas pela Paz é apontado como o maior legado de seus oito anos de governo, que Paula espera ver mantido pelo prefeito Fernando Marroni (PT). “Manter essas conquistas é um passo importantíssimo, porque elas não vêm automaticamente. É preciso um esforço constante e há uma evolução natural. Agora, por exemplo, temos um comitê estudando especificamente o feminicídio”, afirma.
Cidade das Crianças
Outra iniciativa lançada por Paula, já na reta final do governo, foi o Cidade das Crianças, na tentativa de criar um ambiente propício para a criação de pelotenses saudáveis física e mentalmente, em uma cidade acolhedora. Nos últimos meses, foi enviado à Câmara o Plano Municipal da Primeira Infância, que acabou sendo arquivado.
“Ali há diretrizes e metas que podem nos fazer avançar em apostar na construção de uma sociedade mais saudável, para que as crianças sejam capacitadas a serem mais felizes, a resolverem conflitos de forma não violenta e se relacionarem melhor. É a sociedade do futuro, por isso que é tão importante”, afirma.
De volta ao lado de Leite
O espaço de Paula no governo do Estado já havia sido anunciado por Eduardo Leite. Segundo ela, o cargo de secretária executiva de Relações Institucionais será uma oportunidade de se aproximar das estruturas do Estado.
“Basicamente, é um período de apropriação com o Estado, e vou me apropriar de forma tranquila e segura para talvez ter outras experiências”, afirma. Ela não descarta assumir outros cargos no governo, mas não adianta qual espaço poderá ocupar.
De olho em 2026
Presidente estadual do PSDB, Paula afirma ter interesse em disputar as eleições de 2026, mas ainda não define qual cargo irá disputar. “Depois que tu te tornas um agente político, tens que te apresentar em eleições ou mudar de papel, e acho que minha vida política ainda não terminou. Claro que isso depende da aprovação popular, mas penso ainda em ter uma experiência de eleição”, afirma.
“A que (cargo), vai depender do contexto político, o mais provável é que seja ao Legislativo, à Assembleia”, admite. “A gente não pode esquecer do que nos trouxe para a política, a política não pode dominar a vida da gente, porque tende a ser frustrante e perde o sentido, e eu não quero me desconectar”, diz.
Valores
Questionada sobre se foi possível se manter fiel aos seus valores durante esses anos, Paula assegura que “aos valores fundamentais eu me mantive fiel: trabalhar sempre pelo interesse público de forma ética e transparente, aberta ao diálogo”.
Paula admite que foi necessário fazer concessões. “Não me orgulho de cada um dos meus atos, mas não me envergonho, porque a política exige algumas concessões para chegar ao objetivo que é mudar a vida das pessoas que mais precisam”, explica. “Sempre procurei ter meus limites muito claros e nunca ultrapassei”, sustenta.
Paula comemora que, mesmo tendo passado a prefeitura para antigos adversários, houve um amadurecimento político em Pelotas. “Entender aquilo que nos une e colocar acima do que nos diferencia pode ser muito importante para a cidade. Queremos que Pelotas seja mais desenvolvida, tenha mais igualdade, equidade, justiça social e que vença algumas mazelas. Há vários consensos, então vamos trabalhar por eles”, conclui.
