O cenário de mudanças políticas tanto municipais como nos Estados Unidos, com a eleição de Donald Trump e a alta volatilidade do dólar, deve tornar o cenário de 2025 desafiador para o empresariado e produtores rurais pelotenses, estimam as entidades de classe. Em avaliação enviada para o jornal A Hora do Sul, os representantes das principais categorias econômicas do município também veem oportunidades para o ano que se inicia, em especial com a retomada do Polo Naval em Rio Grande.
Cenário para 2025
Para o Conselho Gestor da Câmara Dirigente Lojistas de Pelotas (CDL), a alta do dólar, somada a economia estagnada da região, deverá tornar 2025 um ano difícil. Na avaliação do presidente da Aliança Pelotas, Jorge Almeida, o que deve ditar o rumo da economia gaúcha será o tamanho da safra agrícola, visto que ela repercute em outros segmentos. “Os maiores desafios econômicos deverão ser a taxa de juros, o preço internacional das commodities, o comportamento do governo dos EUA, somados aos conflitos bélicos e mudanças climáticas”, pontua.
Já o presidente do Centro das Indústrias de Pelotas (Cipel), José Augusto Vaniel, entende 2025 com perspectivas otimistas, especialmente em relação à indústria local e ao desempenho do agronegócio. “Observamos sinais de crescimento e recuperação em setores-chave, o que nos leva a esperar um ano de oportunidades. Além disso, acreditamos que o fomento à tecnologia e inovação será um diferencial competitivo importante”, avalia.
Enquanto isso, o presidente da Associação Comercial de Pelotas (ACP), Fabrício Cagol, ressalta a urgência do equilíbrio das contas públicas federais, estaduais e municipais, com o objetivo de redução da carga tributária. “A partir do momento que as contas públicas estão equilibradas, o poder público vai poder investir mais em obras de infraestrutura e também em políticas públicas e sociais. Então, os principais desafios para 2025 serão baixar a taxa de juros, a inflação e o valor que está o dólar para reaquecer a economia”, diz.
Desafios econômicos
Dentre os desafios econômicos, o principal deverá ser ligado à alta do dólar. Conforme o presidente da Associação Rural de Pelotas (ARP), Augusto Rassier, o momento de instabilidade econômica no Brasil. caracterizado pelos altos juros e pelo dólar elevado. são fatores que geram um importante aumento de custos de produção. “Ainda vale lembrar da dificuldade no plantio da cultura da soja em função do clima na região Sul, que pode acarretar em perda de produtividade, afetando os setores secundários e terciários da economia local”, diz.
Os altos custos de investimento no país, responsável por dificultar a competitividade e frear a expansão, assim como as incertezas relacionadas às políticas econômicas podem impactar a confiança do setor produtivo, avalia Vaniel. “Por outro lado, há um ponto positivo para as indústrias exportadoras. Com o dólar em patamares elevados, o cenário de exportação se torna mais atrativo e pode representar um ganho expressivo para empresas que conseguem acessar mercados internacionais”, argumenta.
Para a construção civil, a alta do dólar, por ser balizadora de vários custos e insumos da construção como aço, PVC, alumínio, por exemplo. “O desempenho do dólar nos preocupa, pois ele pode elevar os custos da construção, o que acaba afetando diretamente as consultoras por trabalharem a obra por custo fechado”, explica o presidente do Sindicato da Indústria da Construção e Mobiliário de Pelotas e Região (Sinduscon), Marcos Fontoura.
Desafios sociais
Na área social, a qualificação profissional é vista como um dos principais desafios a que precisarão ser enfrentados em 2025. De acordo com o Conselho da CDL, a oferta de cursos profissionalizante em áreas que tenham carência de profissionais é a melhor alternativa para a ocupação das vagas ociosas e movimentação da economia.
Da mesma forma, as entidades de classe entendem como fundamental a qualificação da educação pública, por refletir diretamente na qualidade de mão de obra. O presidente da Cipel ainda destaca a necessidade de se reter talentos profissionais na região sul. “Além disso, entendemos que a modernização das relações trabalhistas é essencial. Precisamos avançar em um modelo mais flexível, que atenda tanto às necessidades das empresas quanto às expectativas dos trabalhadores”, completa Vaniel.
O presidente da ARP chama a atenção para a necessidade da manutenção e incremento da política de combate à fome. “Acreditamos que a fome se acaba com agricultura forte. Isso se faz com políticas públicas que estabeleçam um equilíbrio entre ter um setor produtivo com incentivos, somado à facilidade de acesso da população à compra dos alimentos”, avalia.
Reivindicações ao governo municipal
A criação de um ambiente favorável ao crescimento do setor produtivo é a principal reivindicação da ACP, ARP, Aliança Pelotas, CDL, ACP, Cipel e Sinduscon. A atração de novas indústrias para a criação de mercados para diversificação das fontes de renda do município, assim como o incentivo ao turismo, são a aposta das categorias para alavancar o desenvolvimento local.
“Destacamos a necessidade de investimentos em infraestrutura logística, garantindo condições adequadas para o escoamento de produção. A eficiência energética também é uma prioridade, já que o fornecimento estável e a custos competitivos impactam diretamente na produtividade industrial”, comenta Vaniel.
Para o presidente do Sinduscon, a desburocratização dos processos, a celeridade da aprovação de novos empreendimentos e obras para cumprir a meta do próprio governo de construção de quatro mil unidades do Programa Minha Casa, Minha Vida são pontos aguardados pela categoria dos construtores.
Cagol reforça a necessidade do ajuste das contas públicas municipais, assim como maior cuidado com a zeladoria do município. “Na área da segurança, a manutenção do Programa Pelotas Pacto Pela Paz e dos atuais baixos índices é uma conquista que precisa ser mantida”, reforça o presidente da ACP.