“As águas que moldam as vidas de São Lourenço do Sul”

Abre aspas

“As águas que moldam as vidas de São Lourenço do Sul”

Pedro Henrique Soares lançou documentário sobre a importância das águas para as vidas do município

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“As águas que moldam as vidas de São Lourenço do Sul”
Pedro Henrique disponibilizou documentário no YouTube. (Foto: Arquivo pessoal)

O documentário No Caminho das Águas, lançado em dezembro, foi produzido pelo Coletivo Vozes em Movimento, de São Lourenço do Sul, e dirigido pelo advogado e documentarista Pedro Henrique Soares. A produção ressalta a importância das águas do rio São Lourenço, do Arroio Carahá e da Laguna dos Patos para as vidas do município. O material está com acesso gratuito no canal do Vozes em Movimento no YouTube. Em entrevista, o diretor conta sobre a motivação, o processo de produção e os objetivos que pretende alcançar com o documentário.

O que o motivou a escolher o tema das águas que rodeiam São Lourenço do Sul?

A zona urbana de São Lourenço do Sul é abraçada pelas águas, então, inevitavelmente, a identidade do lourenciano é forjada muito a partir dessa condição. Dentro desse cenário, fora a intenção de oportunizar o registro da história, a principal motivação para eu ter escolhido o tema foi a enxurrada que ocorreu no município em março de 2011. Na ocasião, metade da cidade foi atingida e oito pessoas morreram, causando um trauma coletivo ainda muito presente. Além disso, uma das pessoas entrevistadas no documentário, de nome Ana Luísa que, juntamente com meus pais, formou quem sou hoje, sempre conviveu com inundações por viver próxima ao Rio São Lourenço.

Como foi o processo de pesquisa e seleção das histórias e imagens apresentadas na produção?

A pesquisa se deu, em um primeiro momento, por meio de registros e documentos históricos oficiais e de literatura da formação de São Lourenço do Sul a partir das águas. Feito esse levantamento, passamos a procurar pessoas que, por meio de suas vivências, pudessem contribuir na narrativa previamente estabelecida, contando sobre a formação do município a partir dos seus aspectos econômicos, sociais, culturais e, também, ambientais. No que diz respeito às imagens, conseguimos diversas fotos e filmagens de acervo público e outras tantas de acervo de particulares para ilustrar o início do município a partir do seu porto natural, da enchente de 1941 e da enxurrada de 2011. Ironicamente, enquanto estávamos produzindo o documentário, a natureza, novamente, se sobrepôs ao que é humano, fazendo com que diversas imagens tenham sido feitas durante as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em maio de 2023.

Qual mensagem principal você espera transmitir ao público com essa obra? 

O título do documentário tem como objetivo marcar esse dualismo: de pessoas que utilizam as águas como caminhos fundamentais para as suas sobrevivências e, também, de pessoas que tiveram seus caminhos atravessados pelos seus cursos, devido a fenômenos naturais ocasionados, principalmente, pelas mudanças climáticas. Dito isso, a produção pretendeu, dentro das duas possibilidades, contextualizar e ressaltar a importância das águas que moldam as vidas de São Lourenço do Sul para que tanto elas, quanto as memórias que delas sobrevieram, sejam preservadas como forma de registro e, também, de ressignificação de traumas e alertas para o futuro.

Como tem sido o retorno do público desde o lançamento do documentário?

Estamos muito felizes com a repercussão do documentário, principalmente dentro da perspectiva crítica e educativa a que ele se propõe. Buscamos trazer reflexões sobre uma pesca não predatória, frente a ausência de estoques pesqueiros na nossa Laguna dos Patos; o descarte irregular de resíduos sólidos; a falta de tratamento de esgoto adequado; o aterramento de áreas de banhado e de canais naturais; o assoreamento dos rios, e a inexistência de planos de prevenção de catástrofes ambientais efetivos. Dentro dos nichos propostos, tivemos um bom retorno.

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